Em 2023, o país registrou um aumento de 10,7% no índice de homicídios de indígenas em comparação com o ano anterior. As informações são do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última segunda-feira (12).
Apesar da redução na taxa geral de homicídios, o documento indica uma porcentagem maior do que a nacional para os crimes cometidos contra povos originários.
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A publicação indica que cerca de 227 indígenas foram assassinados no período analisado, em comparação com os 205 casos registrados em 2022. Este é o segundo maior pico de homicídios contra indígenas na série histórica do estudo, iniciada em 2013.
De acordo com o relatório, o aumento nas taxas de homicídio foi observado em mais da metade dos estados analisados, com destaque para o Rio Grande do Sul (420,8%), Pernambuco (311,1%), Tocantins (177,1%), Espírito Santo (117,1%) e Distrito Federal (90,2%).
O Atlas ainda destaca um crescimento nas internações hospitalares decorrentes de agressão ou de intervenção legal: de 73 casos em 2013 para 205 casos em 2023. Em todo o período, foram observadas 1.114 internações.
Os projéteis de arma de fogo (PAFs) representaram 14,2% dos casos, o que, segundo a publicação, indica a presença de conflitos e violência armada nas Terras Indígenas (TIs).
“O aumento do número de armas de fogo, sobretudo dentro das TIs, tem
sido vinculado à presença de garimpo ilegal ou, como se passou a denominar, do ‘narcogarimpo’. A predominância de instrumentos perfurantes e PAFs nas internações de indígenas sinaliza a necessidade de políticas específicas para combater a violência armada e promover a segurança nessas comunidades”, diz trecho do documento.
A etnia Guarani-Kaiowá foi a mais afetada pelas internações por agressões, totalizando 574 casos. O povo Kaingang foi o segundo mais impactado, com 142 casos.
Para o Ipea, o contexto de violência contra o povo Guarani-Kaiowá é estimulado pelo avanço do agronegócio e pela piora nas condições de vida dos indígenas, com destaque para o estado do Mato Grosso do Sul.
“Como resultado, acompanha-se o aumento de conflitos armados e, consequentemente, agressões físicas diretamente relacionadas à defesa de direitos e retomada de territórios tradicionais”, aponta a publicação.