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Hotel nega ressarcimento para artista brasileiro vítima de racismo

Em seu Instagram, Wallace Pato denuncia que sua reserva no Hotel Plantage, da Holanda, foi cancelada sob a justificativa de que o empreendimento não aceitava negros
A imagem mostra o artista visual e grafiteiro, Wallace Pato.

Foto: Reprodução / Instagram

31 de outubro de 2024

Na última quarta-feira (30), o pintor brasileiro Wallace Pato denunciou ter sido alvo de racismo ao tentar se hospedar em um hotel na cidade holandesa de Amsterdã. A mensagem de cancelamento recebida pela vítima em seu e-mail informava que o lugar não aceitava negros.

Na publicação divulgada em sua conta no Instagram, Pato, que é um dos nomes de destaque na arte contemporânea nacional, explica que foi surpreendido com o cancelamento da reserva destinada para ele e seu amigo no Hotel Plantage.

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O e-mail racista continha o endereço oficial da Booking, e-commerce de hotelaria responsável pelo agendamento da estadia. A conta também possuia selo de verificação, ferramenta utilizada para comprovar a confiabilidade de um perfil na internet.

“Olá, sua reserva foi cancelada. Pedimos desculpas, mas nós não aceitamos pessoas negras em nosso hotel”, diz a mensagem encaminhada ao artista.

Na denúncia, o pintor de 27 anos lamentou o caso. “Holanda eternamente colonialista! Nos deixem em paz!”, desabafou. 

Wallace Pato ainda conta que tentou o ressarcimento da reserva após ter recebido a mensagem de cancelamento pela conta verificada do hotel. Em resposta à solicitação do artista, a Booking informou que a empresa holandesa só aceitaria o cancelamento sem custo se a vítima tivesse feito o pedido no mesmo dia em que recebeu a mensagem racista.

Em nota enviada à Alma Preta, o Hotel Plantage lamentou o caso e informou que a mensagem não teria sido enviada pelo estabelecimento ou qualquer integrante de sua equipe.

A empresa alega ter sido um caso de “pishing”, tipo de ataque virtual onde o criminoso finge ser alguém ou algum estabelecimento para obter vantagens da vítima.  O local também informou que a hospedagem não teria sido cancelada, e que o hóspede “apenas recebeu uma mensagem privada no Booking.com”. Na resposta, nenhuma menção a um possível ressarcimento foi feita.

“Lamentamos muito o inconveniente causado ao hóspede e ficamos tristes ao saber sobre a mensagem ofensiva recebida. Isso não foi enviado pelo nosso hotel ou pelo Booking.com, e descobrimos que foi causado por um golpe de phishing. […] também ficamos chocados com isso e pedimos ao Booking.com que investigue o caso. 

Contatada pela reportagem, a Booking.com declarou estar investigando o caso. “A Booking.com não tolera nenhum tipo de discriminação. Estamos investigando o caso em questão junto à acomodação para garantir que todas as providências sejam tomadas”, alegou a empresa em nota.

Confira a íntegra do comunicado do Hotel Plantage:

Lamentamos muito o inconveniente causado ao hóspede e ficamos tristes ao saber sobre a mensagem ofensiva recebida. Isso não foi enviado pelo nosso hotel ou pelo Booking.com, e descobrimos que foi causado por um golpe de phishing. 

Como uma empresa com mais de 17 nacionalidades, também ficamos chocados com isso e pedimos ao Booking.com que investigue o caso.

Gostaríamos também de informar que a reserva não foi cancelada; o hóspede apenas recebeu uma mensagem privada no Booking.com. O hóspede foi contatado várias vezes depois, mas ele mencionou que não sabia em quem ou no que acreditar.

Estamos trabalhando para chegar à raiz do problema.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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