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Idosa passou mais de 70 anos em condição análoga à escravidão, revela denúncia

Maria Moura foi resgatada debilitada, aos 85 anos, após uma denúncia anônima contra os seus ex-patrões Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos Maia
A imagem mostra Maria Moura, que foi resgatada após 72 anos em condições análogas à escravidão. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT) as visitas da vítima aos familiares eram controladas pelos ex-patrões.

Foto: Reprodução

11 de março de 2024

Maria de Moura, de 87 anos, passou a maior parte de sua vida trabalhando para uma família no Rio de Janeiro, sem salário e em condições análogas à escravidão. A história da idosa veio à tona recentemente, após ser resgatada aos 85 anos, em 2022.

Segundo reportagem do Fantástico (Globo), ela começou a trabalhar como empregada doméstica aos 12 anos e permaneceu na mesma casa por 72 anos.

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Durante décadas, Maria morou na casa de Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos Maia Neumann, mãe e filho, seus patrões. Recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) aceitou uma denúncia contra os ex-patrões de Maria, tornando-os réus na Justiça. Eles são acusados de trabalho análogo à escravidão, coação e apropriação indevida do cartão magnético da idosa.

A defesa dos ex-patrões alega que Maria era considerada parte da família. No entanto, a denúncia aponta para uma série de abusos e condições análogas à escravidão enfrentadas pela idosa ao longo dos anos. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), as visitas de Maria à própria família eram controladas, e seu celular ficava sob o controle dos patrões.

Quando foi resgatada, Maria estava com a saúde debilitada. Moradora de Vassouras, interior do Rio de Janeiro, ela vivia em condições de extrema pobreza antes de ir morar com a família dos patrões.

A promotora Juliane Mombelli, do Ministério Público do Trabalho, descreveu as condições de moradia da vítima como extremamente precárias. “Não havia um lençol, uma coberta, um travesseiro. Era um sofá, onde ela passava as noites aos pés da empregadora”, revelou ao programa da Globo.

A denúncia revelou outras formas de abuso, incluindo o controle sobre o contato de Maria com sua própria família e a posse de seu cartão do INSS. Sem acesso à plano de saúde, Maria perdeu grande parte de sua visão ao longo dos anos. Atualmente, ela recebe aposentadoria como autônoma, instalada por sua irmã, e um salário mínimo enquanto aguarda o desfecho do processo trabalhista.

A defesa dos acusados insiste que Maria seja ouvida no julgamento. No entanto, o pedido ainda não foi atendido devido aos sinais de demência apresentados pela idosa, que passa por um processo de interdição na Justiça.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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