O perfil dos casos de violência contra mulheres e a percepção da população sobre o tema durante a pandemia da Covid-19 estão na terceira edição da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O estudo mostra um aumento da vulnerabilidade das mulheres, principalmente as negras (pretas e pardas). Nos últimos 12 meses, 52,2% das mulheres pretas sofreram assédio, índice acima dos 40,6% entre as mulheres pardas e de 30% entre as mulheres brancas.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Uma em cada quatro mulheres brasileiras (24,4%) acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência a física, psicológica ou sexual no último ano, o que significa cerca de 17 milhões de vítimas. Ao mesmo passo que cinco em cada dez brasileiros (51,1%) relataram ter visto uma mulher sofrer algum tipo de violência no seu bairro ou comunidade ao longo dos últimos 12 meses.
Leia também: Câncer de mama: sobrevivência de mulheres negras é até 10% menor
Aumento da violência na pandemia
Segundo a conclusão da pesquisa, a crise sanitária deixou as mulheres convivendo mais tempo com seus agressores, reduziu a renda familiar e aumentou as tensões em casa. Além disso, afastou as mulheres de uma potencial rede de proteção.
Em um ano de pandemia, 4,3 milhões de mulheres (6,3%) foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa dizer que a cada minuto oito mulheres apanharam no Brasil. A pesquisa também apontou que 3,7 milhões de brasileiras (5,4%) sofreram ofensas sexuais ou tentativas de estupro.
Para 73,5% dos entrevistados em geral, a violência contra a mulher cresceu durante a pandemia da Covid-19. Mais mulheres reportaram aumentos maiores nos níveis de estresse durante a crise sanitária, 50,9%. Enquanto que essa mudança só foi indicada por 37,2% dos homens.
Ainda de acordo com o levantamento, sete em cada dez agressores são conhecidos da vítima, cerca de 25% são os atuais companheiros, 18% são ex-companheiros, cerca de 11% são pais ou mães e 5% são padrastros ou madrastras.
Uma em cada quatro das mulheres que sofreram violência durante a pandemia destacaram que a perda de emprego e renda e impossibilidade de trabalhar para garantir o próprio sustento são os fatores que mais pesaram para a ocorrência de violência que vivenciaram.
A pesquisa do FBSP, em parceria com o DataFolha, ouviu 2.079 pessoas com mais de 16 anos de idade, em 130 municípios, entre os dias 10 e 14 de maio de 2021.
Em levantamento anterior, divulgado em 2020, o Fórum apurou que no primeiro semestre do ano passado comparado com o mesmo período de 2019, houve redução de 10,9% nos registros de lesão corporal dolosa, 16,8% nos de ameaças, 23,5% nos estupros de mulheres e 22,7% nos estupros de vulneráveis. Por outro lado, houve um aumento de 0,8% nos homicídios dolosos de mulheres e 1,2% nos casos registrados como feminicídios. Além disso, 66,6% das vítimas de feminicídio de 2020 foram mulheres negras, as brancas foram 33,1% das vítimas.