Dados divulgados pela Rede de Observatórios da Segurança acendem mais um alerta em relação aos tipos de violência e violações cometidas contra as crianças e adolescentes na Bahia. Nos últimos dois anos, o estado teve o segundo maior índice de homicídios contra crianças e adolescentes entre os cinco estados analisados pela Rede.
De junho de 2019 a maio de 2021, foram 114 homicídios de crianças e adolescentes na Bahia, ficando atrás apenas de Pernambuco, com 165 casos. Além disso, o estado também ocupa a segunda posição no registro de violência sexual e estupro, totalizando 88 ocorrências no período analisado. No recorte por região do país, a Bahia fica em primeiro lugar.
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Ao todo, foram 256 casos de violência contra crianças e adolescentes na Bahia, que também liderou os índices quando se trata de violência dentro do sistema prisional e socioeducativo. Nos últimos dois anos, foram 100 incidentes nas unidades. O estado aparece em primeiro lugar no número de ações policiais dentro dos sistemas, com 49 casos.
Dentro do levantamento também estão as crianças vítimas de bala perdida. Foram cinco vítimas nos últimos dois anos. Em Salvador, Railan Santos da Silva, criança de sete anos, morreu durante uma operação policial no bairro do Curuzu, em novembro do ano passado. O garoto assistia uma partida de futebol quando foi baleado durante um tiroteio da Polícia Militar. Railan morreu com um tiro no peito.
Em março do ano passado, Dominique Oliveira da Silva, de 11 anos, morreu depois de ter sido atingida por uma bala perdida em Sussuarana, bairro da capital baiana. A menina estava em casa e se preparava para dormir quando uma troca de tiros começou no bairro. Dominique chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
A cada 12 horas, uma criança/adolescente é vítima de violência
Os dados fazem parte do boletim “Infância Interrompida: números da violência contra crianças e adolescentes”, e traz um panorama das mortes de menores ocorridos nos últimos dois anos nos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao todo, foram monitorados 1.473 eventos de violência contra crianças e adolescentes, incluindo violência sexual, agressão física, abandono, bala perdida, sequestro e outros. Dentro do período analisado, os números indicam que, a cada 12 horas, uma criança/adolescente é vítima de violência.
Conforme a Rede, dentro dos estados monitorados, houve um crescimento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.
Em relação ao perfil racial das vítimas, o boletim traz que as crianças pretas são as que mais sofrem com a violência. Foram 124 casos ocorridos com crianças e adolescentes pretos, 50 brancos e mais de 1,2 mil sem informação, o que representa uma possível subnotificação, já que muitos casos não detalham a raça das vítimas, conforme ressalta a Rede. “Mas sabemos bem a cor de quem sofre violência no país. De acordo com o Atlas da Violência, 77% das mortes que ocorrem no Brasil são de pessoas negras. Dessa forma, conhecemos a cor das vítimas cujos dados são omitidos”.