Roger Cipó afirma que bater 100 mil seguidores é um marco importante contra a invisibilidade; cinco perfis já entraram na ação para novos seguidores e a iniciativa deve continuar em 2021
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Wendy Andrade
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A atriz Zezeh Barbosa é dona de 11 prêmios importantes de Dramaturgia e papéis marcantes no cinema e na TV. Em 2004, ganhou o principal prêmio do Festival de Cinema de Brasília, com o filme Bendito é Fruto, onde atuou como protagonista.
Zezeh tinha menos de 15 mil seguidores no Instagram até o começo de dezembro. O total de seguidores da atriz, formada na tradicional EAD (Escola de Arte Dramática), da USP (Universidade de São Paulo), deu um salto e não para de subir por conta da campanha do fotógrafo e influenciador digital Roger Cipó, que está impulsionando o perfil de personalidades negras.
A campanha parte de um questionamento sobre o motivo pelo qual perfis de grandes artistas negros do teatro, da televisão e do cinema enfrentam um processo de apagamento. “Porque é que com tanto talento inegável e uma contribuição tão grande para a cultural, eles estão com menos de 100 mil, 200 mil ou um milhão de seguidores”, aponta Cipó.
A primeira ação de engajamento foi com Raphael Logam, ator da série Os Impuros, que já teve duas indicações ao Emmy e participou de novelas da Rede Globo.
“Logam é jovem, bonito e tem tudo para ser considerado galã, segundo o universo da TV, mas não é por ser preto. Isso também reflete no número de seguidores, que deveria ser de milhões a exemplos de outros homens da sua área”, conta Cipó.
No caso da atriz Zezeh Barbosa, em pouco dias ela foi de 14 mil para 46 mil seguidores. O perfil do Logam, em poucas horas, saiu de 96 mil para 107 mil seguidores. A mobilização do Cipó também impulsionou os perfis do Sérgio Loroza, Neusa Borges e Mary Sheila.
Neusa Barbosa viu dobrar os seus 9 mil seguidores, Mary Sheila que tinha menos de 5 mil foi para 33 mil seguidores e Loroza pulou de 65 mil para 140 mil em 24 horas e conseguiu um novo contrato com uma agência de publicidade.
Segundo Cipó, essa é só primeira fase e a campanha seguirá em 2021 com mais personalidades negras. A ideia é chamar atenção do mercado de publicidade, que atua nas redes sociais, além do cinema, diretores de TV e canais onde as personalidades negras sempre trabalharam.
“Eu quero falar sobre valorização desses artistas que constroem a dramaturgia brasileira e são esquecidos pela ação do racismo. Eles já fizeram o caminho deles, suas carreiras falam por si, são consagrados nas telas de todas nossas famílias, eu só sigo perguntando por que essas pessoas não são seguidas e valorizadas nas redes sociais, uma ferramenta importante não só para visibilidade, mas também como importante canal de publicidade, propaganda e comunicação no geral”, salienta Cipó.