O meia boliviano Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante na noite de domingo (4) após o jogo contra o Operário-PR, válido pela 6ª rodada da Série B. A prisão ocorreu após denúncia de injúria racial feita pelo atacante Allano, do time paranaense.
O árbitro Alisson Sidnei Furtado, do Tocantins, registrou o ocorrido na súmula e aplicou o protocolo antirracista da FIFA e da CBF. Allano informou ao árbitro que foi chamado de “preto cagão” por Miguelito aos 30 minutos do primeiro tempo, após uma disputa de bola.
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O árbitro, apesar de não ter testemunhado a fala, interrompeu a partida, cruzou os braços em forma de X e anunciou no estádio o motivo da paralisação.
A interrupção do jogo durou cerca de 15 minutos. A partida foi retomada sem punição imediata a Miguelito, que seguiu em campo até ser substituído no intervalo. Allano, por sua vez, recebeu cartão amarelo por falta cometida contra o jogador do América-MG.
Ações policiais e apuração
Ao final da partida, vencida pelo Operário por 1 a 0, a Polícia Militar conduziu Miguelito, Allano e o volante Jacy — que testemunhou o episódio — até a 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa. A Polícia Civil ouviu os três envolvidos e determinou a prisão em flagrante do jogador do América-MG por injúria racial, com base na Lei nº 7.716/89.
Segundo a investigação, Miguelito teria se dirigido a Allano com a expressão “preto do c***”. A Polícia solicitou imagens da partida aos canais de transmissão e à equipe jurídica do Operário para auxiliar no inquérito. O procedimento deve ser concluído nos próximos dias, e a pena prevista para esse tipo de crime pode chegar a cinco anos de reclusão.
O clube paranaense informou que busca imagens do jogo que possam confirmar o teor da ofensa e formalizar medidas judiciais. A defesa de Miguelito não comentou a prisão até o momento.
Reações dos clubes
Em nota, o Operário afirmou que repudia qualquer ato de racismo e declarou apoio ao atacante Allano. O clube criticou a continuidade da partida sem alterações, mesmo após o protocolo ter sido acionado, e confirmou que um torcedor foi retirado do estádio após lançar um copo em direção ao banco de reservas do América-MG.
O América-MG, por sua vez, prestou solidariedade ao jogador boliviano e classificou a acusação como infundada. O clube afirmou que realizou apuração interna e não identificou qualquer atitude discriminatória por parte do atleta. Declarou ainda que Miguelito mantém conduta ética e respeito dentro e fora de campo.