Uma jovem de 24 anos foi baleada por um sargento da Polícia Militar do Pará, no bairro do Guamá, em Belém, ao reagir a uma tentativa de abuso sexual. O agente da PM, que estava à paisana, foi identificado como Arthur Santos Júnior e preso em flagrante pelo crime de tentativa de homicídio.
A vítima, Catharina Kethellen da Silva Palmerin, foi atingida na região do abdômen, socorrida e encaminhada ao pronto socorro municipal do mesmo bairro, onde seguiu internada até esta terça-feira (5), quando foi transferida em razão da gravidade do caso. Segundo familiares, ela continua com o projétil alojado na abdômen, perdeu parte do intestino e teve danos na bexiga. O crime ocorreu no domingo (3) e é investigado pela Divisão de Crimes Funcionais (Decrif).
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Imagens de câmeras de segurança de um estabelecimento próximo ao local do crime mostram o momento em que o PM observa a vítima em uma parada de ônibus e chega a fazer gestos obcenos. O agressor, então, tenta arrastar a estudante de enfermagem, que entra em luta corporal com ele e, para tentar se defender, desfere um golpe de canivete no policial, momento em que ele saca a arma e atira.
Segundo o Boletim de Ocorrência registrado pela família da jovem, o sargento apresentava sintomas de embriaguez no momento do ataque. Os familiares também disseram que o policial alegou que atirou para se defender de uma suposta tentativa de assalto por parte da mulher, o que não corresponde às imagens que circulam nas redes sociais.
Arthur Santos Júnior também foi socorrido e levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da capital paraense, mas obteve alta médica na terça (5) e está à disposição do poder judiciário.
O Tribunal de Justiça do Pará converteu a prisão em flagrante de Arthur Santos Júnior em preventiva. Em nota, a Polícia Militar lamentou o ocorrido e disse que o agente continua hospitalizado. Segundo a PM, um inquérito policial militar foi instaurado para apurar o fato no âmbito institucional e o sargento permanecerá afastado das atividades.
Justiça por Catharina
A vítima é aluna do último semestre de Enfermagem na Universidade da Amazônia (Unama) e participa de projetos voluntários. Em nota, o curso repudiou o ato de violência e desejou uma “recuperação rápida e completa” para ela. O Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) também se manifestou.
“Independente de ser acadêmica de Enfermagem, é uma jovem, uma garota, uma mulher. A postura da instituição (PM-PA) é ser essencial à proteção e promoção dos direitos humanos”, destaca a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará, Danielle Cruz.
Familiares de Catharina e movimentos sociais de luta em defesa dos direitos humanos e das mulheres têm organizado manifestações em Belém em solidariedade à vítima e pedindo a condenação definitiva e expulsão do sargento da corporação. O próximo ocorre nesta sexta-feira (8), na Usina da Paz do Guamá, a partir das 16h.