David Zambelli Jr. denunciou episódio no qual ele foi descrito como ‘Macaco” na nota fiscal de sua compra, mas rede de fast food alega que o jovem acompanhou a digitação do termo feita por outro funcionário
Texto / Amauri Eugênio Jr.
Foto / Arquivo pessoal/Facebook
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Na noite de segunda-feira (26), o estudante de relações internacionais David Zambelli Jr. fez publicação no Facebook para denunciar caso de racismo do qual ele foi vítima na madrugada e sábado (24). No post, o jovem publicou imagem da nota fiscal de produtos consumidos na unidade de Moema da rede de fast food Burger King na qual o cliente – ele, no caso – foi descrito como “Macaco”.
Ainda na mesma publicação, ele relatou ter ido ao Decradi (Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) para registrar boletim de ocorrência para denunciar o que havia acontecido com ele e para as medidas cabíveis serem tomadas.
Em resposta enviada à reportagem do Alma Preta na terça-feira (27), a assessoria de imprensa da rede de restaurantes relatou estar ciente do caso e que estava apurando as circunstâncias para que as medidas necessárias fossem tomadas. Ainda, a empresa reiterou que “repudia todo e qualquer ato discriminatório”.
Segundo ato
Na quarta-feira (28), a assessoria do Burger King divulgou nota na qual afirmou que estava colaborando com as investigações do caso ao fornecer as câmeras de segurança às autoridades responsáveis pela investigação do caso – de acordo com a empresa, as imagens mostram Zambelli Jr. entrando no balcão e conversando com o atendente responsável pelo pedido, ao acompanhar a digitação de seu nome.
Imagens mostram momento em que Zambelli faz pedido de produtos consumidos
Ainda, a rede alega que a vítima é ex-funcionária da empresa e que o funcionário responsável pelo registro do pedido, que relatou à gerência da unidade onde o episódio aconteceu sobre ter seguido instruções do cliente, foi afastado preventivamente enquanto as investigações estiverem em curso.
A reportagem do Alma Preta entrou em contato novamente com a assessoria de imprensa do Burger King, para questionar sobre a reviravolta, e por vezes com Zambelli Jr., para questionar sobre o episódio e o posicionamento da rede de restaurantes. Até a publicação da reportagem, não obteve retornos de nenhumas das partes.
Em nota enviada à reportagem, a Polícia Civil relata que o caso foi registrado no Decradi como injúria racial, além de a vítima ter prestado depoimento e relatado que havia solicitado as imagens da câmera de segurança para identificar o autor do ato.