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Jovens negros são mais afetados pela informalidade e têm piores remunerações, aponta estudo

O relatório destaca que o percentual de jovens mulheres negras desempregadas é 3,6 vezes superior ao registrado entre os jovens brancos
A imagem mostra uma Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

A imagem mostra uma Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

— Marcello Casal Jr/Agência Brasil

21 de maio de 2025


Um relatório divulgado nesta quarta-feira (21) revela que no terceiro trimestre de 2024 os jovens negros foram o grupo mais afetado pela informalidade no mercado de trabalho e receberam as piores remunerações.

Os dados são do projeto MUDE com Elas, realizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e pela Ação Educativa, com apoio da organização internacional Terres des Hommes e do Ministério para a Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ).

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Com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o estudo indicou que a taxa de desemprego para jovens negras de 14 a 29 anos chegou a 16% no período analisado. 

O número é 3,6 vezes superior ao percentual registrado entre os jovens brancos do sexo masculino na mesma faixa etária (4,4%), que receberam um rendimento médio mensal que equivale a 62,4% do pago às negras.

A pesquisa destaca que as desigualdades se manifestam em diversos aspectos do trabalho. O índice de informalidade para jovens mulheres negras ocupadas atingiu 40,8%, valor que supera o verificado entre jovens mulheres brancas em 8,4 pontos percentuais. Para jovens negros, o percentual foi de 45,3%.

“Os dados revelam que as jovens negras, além de enfrentarem o desemprego em taxas altíssimas, seguem sendo empurradas para postos de trabalho mais precários, informais e mal remunerados. É um reflexo direto do racismo estrutural e da desigualdade de gênero que ainda organizam nosso mercado de trabalho”, destaca a coordenadora do projeto MUDE com Elas, Fernanda Nascimento, em trecho do relatório.

A disparidade salarial também foi expressiva. De acordo com a pesquisa, as jovens mulheres negras recebem apenas 46,3% do rendimento médio de jovens brancos em todo o Brasil. A diferença salta para 62,2% na Região Metropolitana de São Paulo.

Condições de moradia

Uma segunda pesquisa divulgada pela entidade expõe as frágeis condições habitacionais das jovens negras da cidade de São Paulo. De acordo com o levantamento, 19,3% dos domicílios em áreas com maior concentração de jovens negras não possuem esgoto ligado à rede central.

Nas regiões habitadas majoritariamente por jovens mulheres brancas, o percentual cai para 0,4%. Os tipos de moradia também apresentaram discrepâncias, de acordo com o perfil das moradoras. 

Apenas 6% dos domicílios em região com maior presença de jovens negras são apartamentos, índice que chega a 68,2% em regiões de predominância branca. 

“É impossível pensar políticas de equidade para as juventudes negras sem considerar as desigualdades territoriais que afetam seu cotidiano, seu acesso à infraestrutura urbana e sua dignidade habitacional”, conclui a coordenadora do projeto.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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