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Justiça Restaurativa pode diminuir superlotação das prisões, indica estudo

No Brasil existem 1.456 unidades prisionais com 882 mil presos, que ocupam 75% a mais da capacidade de vagas

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Fotos Públicas

Imagem mostra presos em pátio de presídio em conflito com forças policiais

Imagem mostra presos em pátio de presídio em conflito com forças policiais

28 de abril de 2021

Um modelo de justiça que busca a conciliação, a escuta, o diálogo e a reconexão das pessoas com a sociedade é a essência da Justiça Restaurativa, que a Pastoral Carcerária Nacional defende como alternativa para o encarceramento em massa e o aumento da violência no país.

A entidade divulgou nesta quarta-feira (28) um estudo sobre o panorama atual das prisões brasileiras, que inclui uma análise sobre os efeitos positivos da Justiça Restaurativa em vez de uma condenação à prisão. “Apresentamos a agenda para desencarceramento porque no Brasil essa é uma questão urgente. O STF [Supremo Tribunal Federal] reconheceu que existe uma violação massiva dos direitos da população prisional”, diz a irmã Joselene Barbosa Linhares, integrante da pastoral. 

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No Brasil existem aproximadamente 882 mil presos, 45% são provisórios (não foram julgados), 21,8% aguardam uma decisão definitiva da justiça e 32,% foram condenados e cumprem pena. 

As 1.456 unidades prisionais do país estão com lotação de 175% da capacidade. Os agentes da Pastoral Carcerária atuam em cidades de todas as regiões onde cerca de 609,2 mil pessoas estão encarceradas, o equivalente a 69% do total.

“Utopia não é o mundo sem cárceres, utopia é acreditar que o sistema carcerário resolve qualquer coisa. É um espaço que adoece quem está privado de liberdade, quem trabalha e quem visita”, considera Vera Dalzotto, assessora da pastoral.

“Privatização de presídios de SP pode aumentar o encarceramento dos negros”, diz coordenadora da OAB 

Alternativa para o encarceramento em massa

Além de auxiliar presos e familiares, os agentes atuam em cursos de formação sobre a Justiça Restaurativa. “A pastoral busca outra visão para trabalhar de forma orgânica, para escutar as demandas das famílias e exigir que a ressocialização seja aplicada. A Justiça Restaurativa faz a gente olhar o conjunto da sociedade e a corresponsabilidade coletiva”, lembra a irmã Joselene.

De acordo com a integrante da pastoral, a Justiça Restaurativa é uma alternativa para o encarceramento em massa. “Conflito sempre vai existir, mas a forma como lidamos com ele precisa mudar. Temos que valorizar o ser como pessoa. Os delitos devem ser trabalhados pelo conceito de restituição de danos”, pondera.

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Foto: Pastoral Carcerária Nacional

A justiça restaurativa surgiu no inicio da década de 1970, como resultado de antigas tradições pautadas em diálogos pacificadores e construtores de consensos, originários de culturas africanas e das primeiras nações do Canadá e da Nova Zelândia.

No Brasil, é utilizada há cerca de 10 anos, ainda em caráter experimental, por organizações sociais, juízes e varas da justiça em estados como São Paulo e Rio Grande do Sul. O modelo prevê que os conflitos sejam tratados de forma pacífica e comunitária, para que se encontrem medidas que ajudem a restabelecer relações.

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