Pesquisar
Close this search box.

Luana Barbosa: testemunhas protegidas desaparecem e levantam suspeita de intimidação

8 de fevereiro de 2019

Nova audiência de instrução e julgamento está marcada para que todas as testemunhas da família dos policiais possam prestar depoimento; advogados da família tentam localizar as testemunhas protegidas desaparecidas

Texto / Pedro Borges

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Imagem / Dina Alves

A quinta audiência de instrução e julgamento do caso Luana Barbosa foi marcada pela ausência das testemunhas protegidas que dariam depoimento em favor da família. Essas pessoas presenciaram o fato e dariam depoimento na condição de anonimato. A sessão aconteceu nesta quinta-feira (7), no Fórum de Justiça de Ribeirão Preto (SP).

“Estas testemunhas eram protegidas, mas estranhamente sumiram de sua residência e ninguém sabe pra onde foram. Eu e o promotor estamos tentando localizá-las, mas será um desafio”, explica Daniel Rondi, advogado da família que acompanha o caso desde o início.

Dina Alves, advogada que também acompanha o imbróglio, conta que essas famílias saíram dos antigos endereços logo depois do crime. O motivo, segundo a especialista, pode ter sido a coação.

“Possivelmente foram ameaçadas. Ficaram com medo, foram coagidas e saíram da cidade. A nossa ideia agora é insistir nessas testemunhas, tentar uma nova intimação, outros endereços para a próxima audiência. A ideia é escutar essas testemunhas”, diz.

A sessão, coordenada pela juíza Martha Rodrigues Moreira, ouviu o depoimento de mais policiais. Entre as afirmações, Daniel Rondi contou que a colocação de um dos agentes de segurança foi importante para o argumento construído pela família.

“Eu consegui que uma testemunha policial civil confirmasse que ele viu a família fazendo o vídeo gravado da Luna na porta da delegacia. A PM trabalha com a tese de defesa que o vídeo não foi no dia”, diz.
Dina Alves conta que a equipe de defesa da família saiu satisfeita e otimista da nova sessão. “Saímos muito otimistas da audiência porque foram ouvidas várias testemunhas da defesa dos policiais. Tivemos, inclusive, uma reunião bem demorada para a gente pensar nas estratégias de defesa”, relata.

Luana Barbosa foi espancada pelos policiais Douglas Luiz de Paula, André Donizete Camilo e Fábio Donizeti Pultz, em abril de 2016. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), a jovem perdeu a vida por conta de isquemia cerebral e traumatismo crânio-encefálico, resultado do espancamento sofrido.

A próxima audiência está marcada para o dia 26 de março.

Mobilização dos movimentos sociais

Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação organizada pelos grupos Nenhuma Luana a Menos, coletiva Luana Barbosa e a União dos Coletivos Pan-Africanistas de São Paulo. O ato foi uma memória aos três anos do assassinato da jovem, em 8 de abril de 2016.

Entenda o caso

Negra, lésbica e moradora da periferia, Luana Barbosa foi abordada por policiais militares na periferia de Ribeirão Preto quando levava seu filho, de 14 anos, à aula de informática. A vítima foi espancada após solicitar presença policial feminina para ser revistada – o procedimento para revista feminina é recomendado pela legislação brasileira.

Depois de ter sido agredida durante a abordagem, a mulher foi encaminhada à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), mas morreu cinco dias após o episódio.

De acordo com laudo do IML (Instituto Médico Legal), Luana morreu em consequência de isquemia cerebral e traumatismo crânio-encefálico, resultantes do espancamento sofrido.

A sessão de 18 de julho é resultado de processo que se desencadeou poucos após o caso completar dois anos e do Alma Preta preparar duas reportagens especiais sobre a morte: uma que fazia um balanço do caso e outra que denunciava a volta de um dos PMs acusados para trabalhar na rua.

Em 18 de abril, a Polícia Civil de Ribeirão Preto finalizou inquérito policial com a conclusão de que houve “lesão corporal seguida de morte”. Um dia depois, os três policiais tiveram a prisão solicitada pelo promotor de justiça Eliseu Berardo Gonçalves.

Em decisão publicada em 9 de maio, o juiz José Roberto Bernardi Liberal negou o pedido de prisão preventiva dos três policiais militares, com a justificativa de não haver elementos para a prisão dos policiais. O magistrado solicitou também audiência de instrução, que aconteceu em 18 de julho, no Fórum de Ribeirão Preto.

Leia Mais

Destaques

AudioVisual

Podcast

Cotidiano