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Mãe Juju D’Oxum: dos terreiros à Assembleia Legislativa

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13 de novembro de 2018

A ialorixá faz parte da exposição “Pretas Potências” que acontece na Estação República do metrô de São Paulo

Texto / Aline Bernardes

Imagem / Reprodução

O Brasil tem uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas. Esses dados do Ministério dos Direitos Humanos mostram que a maioria das vítimas é de religiões de origem africana, com 39% das denúncias. Os números demonstram que a questão está relacionada com problemas arraigados na sociedade brasileira. Mas como forma de resistência a tal cenário existem pessoas como a Mãe Juju D’Oxum.

A ialorixá do Ilê Maroketu Axé Oxum é filha consanguínea de Pai Nezinho de Ogum, um dos nomes mais importantes da história das religiões afro-brasileiras. Ela, hoje, exerce a função de assistente parlamentar V no mandato da deputada Clélia Gomes, primeira e única Mãe de Santo eleita da Assembleia Legislativa de São Paulo, com uma atuação importante no combate à intolerância religiosa e defesa das comunidades tradicionais de terreiro.

Candomblé

Nascida no Recôncavo Baiano no dia 23 de junho de 1936, Juvelgina Batista Amorim, foi iniciada na roça da Muritiba, Ibecê Alaketu Axé Ogun Megêge. Era fevereiro de 1940, acontecia a festa anual do Ògún de Pai Nezinho, um dos mais importantes sacerdotes da história do candomblé e pai carnal de Mãe Juju, assim começou sua trajetória espiritual.

Em meio das festividades da independência do Brasil chega à cidade de São Paulo com o marido, com quem se casou em Salvador, e o filho Valdir, o primogênito. Além de Valdir, a sacerdotisa deu à luz Vera, Valmir e Vânia nascidos em São Paulo.

Pai Nezinho a presenteia com o terreno onde, posteriormente, foi construído o Ilê Maroketu Axé Oxum. Ìyá Juju muda-se definitivamente para o Jardim Iva em Sapopemba, São Paulo. Apesar dos obstáculos, principalmente os financeiros, a casa foi inaugurada em julho de 1974.

Uma mãe de santo na Assembleia Legislativa

Mãe Juju, do alto de seus 80 anos e com saúde plena, é nomeada  a função de assistente parlamentar V no mandato da deputada Clélia Gomes, na Assembleia Legislativa também pela prerrogativa do candomblé, os mais velhos são mais sábios. Ela tem sido uma mãe para seus filhos e filhas de santo espalhados pelo Brasil e pelo mundo, e para todo entorno daquele bairro tão carente da Zona Leste de São Paulo. Nesses anos todos de sacerdócio, Mãe Juju, assim como muitos babalorixás e ialorixás, matou a fome de muita gente, deu dinheiro de condução a muito pai de família e tirou muitos jovens da criminalidade.

Exposição

A exposição “Pretas Potências” homenageia 13 figuras da comunidade negra, representantes das 13 décadas de resistência no pós abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888. O trabalho do artista Vinícius de Araújo, teve início no dia 10 de novembro, na Estação República do metrô. Depois, as obras vão para as linhas verde e azul do metrô.

Os universos selecionados foram Hip Hop, Samba, Moda, Literatura, Territórios, Capoeira, Danças, Teatro, Culturas Tradicionais – Afoxé, Gastronomia, Funk, Religiões de Matriz Africana e Intelectualidade.

Entre os nomes, destaque para figuras importantes do passado como o fundador do Teatro Experimental do Negro, Abdias do Nascimento, e o geógrafo Milton Santos. Nomes atuais também foram recordados, como a cantora de rap, Sharylaine, representante do Hip Hop, e Erica Malunguinho, que representa os quilombos urbanos.

A exposição é uma iniciativa do Alma Preta e da Feira Preta, festival de valorização da cultura negra e do afro-empreendedorismo. A Fundação Tide Setúbal participa como apoiadora do projeto.

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