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Mais ricos batem recorde de concentração de renda no Brasil, diz estudo

Levantamento realizado pela FGV também alerta sobre os vetores que contribuíram para o aumento da desigualdade no país em cinco anos
Imagem mostra um acampamento de pessoas em situação de rua, em contraste, prédios aparecem em segundo plano para ressaltar a desigualdade presente no Brasil.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

19 de janeiro de 2024

Uma nova pesquisa do Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV, realizada com base no Imposto de Renda (IRPF), revelou que os mais ricos concentram cada vez mais renda no Brasil. 

O estudo, elaborado em parceria com o economista Sérgio Wulff Gobetti, compara a renda média em 2017 e 2022 de quatro grupos sociais, desde os mais ricos até os 95% restantes da população adulta. 

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A partir disso, o levantamento destaca um crescimento da renda dos muito ricos em um ritmo de duas a três vezes maior do que a média registrada pela grande parcela dos brasileiros (95%).

Enquanto a maioria da população adulta apresentou um crescimento médio de 33% em sua renda no período de cinco anos, marcado pela pandemia, a variação registrada pelos mais ricos foi de 51%, 67% e 87% nos estratos mais seletos. Entre os 15 mil milionários que compõem o 0,01% mais rico, o crescimento foi ainda maior: 96%.

“Ao que tudo indica, a confirmar-se por estudos complementares, o nível de concentração de renda no topo da pirâmide elevou para um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, diz a pesquisa.

Como resultado, a fatia de renda destinada ao 1% mais rico no Brasil aumentou de 20,4% para 23,7% entre 2017 e 2022. Ou seja, mais de quatro quintos desse acréscimo concentrado de renda foram para o milésimo mais rico, composto por 153 mil adultos com renda média mensal de R$ 441 mil em 2022.

Em resumo, o texto conclui que os resultados da análise “servem de alerta sobre o processo de reconcentração de renda no Brasil e sobre os vetores que mais contribuem para isso”.

“Ainda é cedo para avaliar se o aumento da concentração de renda no topo é fenômeno estrutural ou conjuntural, mas as evidências reunidas reforçam a necessidade de revisão das isenções tributárias atualmente concedidas pela legislação e que beneficiam especialmente os mais ricos”, conclui o estudo. 

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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