A ativista e comunicadora Marry Ferreira foi reconhecida pelo “Pessoas mais influentes de ascendência africana” (MIPAD, na sigla em inglês) como uma das 40 pessoas negras mais influentes do mundo com menos de 40 anos. A honraria é parte da celebração da Década Internacional das Pessoas de Ascendência Africana promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Natural de São Gonçalo (RJ), Marry cresceu em um ambiente de luta comunitária. Seu pai, após perder a visão por erro médico, passou a atuar pela defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Já a mãe mobilizava escolas e igrejas para acolher famílias atingidas por enchentes.
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Com apoio de políticas públicas como as ações afirmativas, Marry se formou em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde iniciou sua trajetória como jornalista no jornal universitário O Casarão. Marry construiu sua trajetória no Brasil e, hoje, atua a partir de Nova York em iniciativas internacionais voltadas à justiça racial, de gênero e social.
Comunicação e filantropia como ferramenta de justiça
Hoje, Marry trabalha como gerente sênior de Comunicação e Responsabilidade Global no Fundo Global para Mulheres, fundo feminista internacional que financia movimentos liderados por mulheres, meninas e pessoas não binárias. Sua atuação se concentra em transformar modelos tradicionais de filantropia e redirecionar recursos para organizações negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e lideradas por pessoas com deficiência.
Ela lidera ainda a iniciativa Feminist Accountability, que apoia mais de 20 organizações no Sul Global — incluindo América Latina, África e Ásia — voltadas à fiscalização de compromissos assumidos por governos, setor privado e fundações internacionais. Um dos focos do trabalho é acompanhar o cumprimento dos 40 bilhões de dólares prometidos no Fórum Geração Igualdade da ONU, realizado em 2021.
Articulação com a diáspora africana
Marry é cofundadora e ex-coordenadora do Kilomba, primeiro coletivo de mulheres negras imigrantes brasileiras nos Estados Unidos. O grupo criou um fundo emergencial durante a pandemia de Covid-19, beneficiando mais de 50 famílias imigrantes com alimentos, suporte financeiro e psicológico. Em cinco anos de atuação, o Kilomba já alcançou mais de 300 mulheres negras brasileiras nos EUA e desenvolveu programas de capacitação profissional.
A iniciativa Negritude Brasileira no PhD, criada em parceria com a Uneafro e o Instituto Mancala, é outro projeto com participação da Kilomba. A ação já orientou mais de 700 estudantes negras e negros interessados em cursar pós-graduação no exterior, por meio de mentorias com professores e doutorandos com vivência internacional.
Destaque em fóruns internacionais
Desde que se mudou para Nova York, em 2018, para cursar mestrado em Mídia Pública e Justiça Social na Fordham University, Marry Ferreira tem acumulado reconhecimento em diversas frentes. Foi premiada por grupos como a Associação Nacional de Jornalistas Negros dos EUA e o Facebook, além de integrar o programa Women inPower New York, voltado ao desenvolvimento de lideranças femininas.
Ela tem participado de eventos como a Comissão da ONU sobre o Status da Mulher e da Assembleia Geral da ONU, com foco na ampliação da representatividade de lideranças negras e locais nos espaços de decisão global.