Apenas 44% dos assassinatos ocorridos em 2018 no Brasil foram esclarecidos. É o que aponta a pesquisa “Onde Mora a Impunidade”, do Instituto Sou da Paz, divulgada nesta quarta-feira (13), com base em informações de 17 estados brasileiros. A quarta edição do levantamento conta com informações sobre assassinatos que ocorreram entre 2018 e foram esclarecidos até 2019.
“Começa haver uma preocupação maior em organizar e sistematizar melhor as informações sobre os homicídios, mas ainda estamos longe de ter uma situação ideal”, afirma Carolina Ricardo, diretora-executiva da Sou da Paz.
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No topo do ranking dos estados com maiores percentuais de esclarecimento de homicídios está Mato Grosso do Sul, com 89%, seguido de Santa Catarina, com 83% e o Distrito Federal, com 81%. A capital federal piorou o percentual em relação à última edição da pesquisa, quando apresentou taxa de 91%. De acordo com o estudo, dez estados brasileiros não foram capazes de informar quantos homicídios esclareceram.
Amapá, Goiás, Pará e Maranhão forneceram dados incompletos. Enquanto Alagoas, Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins não enviaram números.
Os dados foram fornecidos pelos Ministérios Públicos, além de Tribunais de Justiça via Lei de Acesso à Informação. “Parte do trabalho da sociedade civil é fazer essa pressão pública para jogar luz naquilo que está faltando, mas também no que já avançou”, afirma a diretora-executiva.
Com base no levantamento, o Instituto recomenda a modernização da gestão de dados, infraestrutura e remuneração das polícias civis. O Sou Da Paz considera que isso contribuirá para o aumento dos esclarecimentos de homicídios, e indica que os estados garantam disponibilidade ininterrupta de equipes de investigação completa, para chegada mais rápida aos locais de crime.
A diretora-executiva defende a criação de um indicador nacional de esclarecimentos de homicídios por parte do poder público. “É muito importante que os policiais produzam seus indicadores e que o MP os padronize, que haja algo que seja público e governamental sobre isso”, reitera Carolina.
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