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Mercado de beleza negra deve movimentar 31 bilhões de dólares até 2034, diz estudo

Apesar da receita estimada, consumidores negros têm três vezes mais chances de ficarem insatisfeitos com as opções de cuidados com os cabelos, pele e maquiagem disponíveis no mercado
Mulher negra com as mãos tocando o rosto e com uma toalha branca na cabeça.

Mulher negra com as mãos tocando o rosto e com uma toalha branca na cabeça.

— Reprodução/Freepik

25 de maio de 2025

A  InsightAce Analytic projetou, no segundo trimestre de 2025, que o mercado global de beleza negra vai alcançar US$ 31 bilhões até 2034, a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 13,2%. O montante corresponde a R$ 176 bilhões, na cotação atual.

Em 2024, o mercado de beleza negra movimentou US$ 9,2 bilhões (R$ 52 bilhões) nos setores de cosméticos, cuidados faciais, fragrâncias, higiene, beleza e cuidados com os cabelos. Em paralelo, a estimativa do mercado global de beleza é atingir cerca de US$ 580 bilhões  (mais de R$ 3 trilhões) até 2027, segundo a McKinsey – sete anos antes da movimentação econômica prevista pelo setor de beleza negra. 

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A disparidade na injeção da economia entre os mercados vêm alertando especialistas sobre a falsa universalização da beleza. Apesar da receita estimada, a McKinsey estima que consumidores negros têm três vezes mais chances de ficarem insatisfeitos com as opções de cuidados com os cabelos, pele e maquiagem disponíveis no mercado. 

Segundo a biomédica esteta Jéssica Magalhães, a padronização dos tratamentos estéticos impactam negativamente na saúde e autoestima de pessoas negras. “O mercado da beleza ainda é subdesenvolvido em tratamentos para a pele negra. Há mais de uma década trabalhando nesse segmento, percebo uma curva de crescimento na clientela, e ao mesmo tempo um déficit no número de profissionais e estabelecimentos para atender esse público. Isso aumenta cada vez mais a insatisfação do público negro”, explica. 

Diante desse cenário, o relatório “Representação negra na indústria da beleza”, da McKinsey, apontou que os consumidores negros demonstram afinidade por marcas de beleza negras. Especialista em pele negra Jéssica afirma que o consultório vê uma crescente demanda pelos seus serviços, em virtude da proximidade, personalização e especialização estética da pele negra – semelhante aos insights do consumidor pela McKinsey. 

“A padronização dos tratamentos estéticos com base em peles brancas ignora particularidades fundamentais da pele negra, como maior predisposição à hiperpigmentação, formação de quelóides e reações inflamatórias mais visíveis, o que pode resultar em danos cutâneos”, afirma.

A biomédica esteta Jéssica Magalhães.
A biomédica esteta Jéssica Magalhães. Foto: Divulgação

Mercado global de tratamentos estéticos

O mercado global de tratamentos estéticos (não invasivos) projetou US$ 171 bilhões (R$ 973 bilhões) até 2030, segundo o relatório “Pesquisa e Mercados”. Apesar do aquecimento do setor, a biomédica alerta que a falsa universalização estética compromete a construção da autoestima e o reconhecimento da beleza negra. Prova disso é que 70% das mulheres negras se mostram insatisfeitas com o mercado da beleza, segundo último levantamento da Avon.  

Com esse panorama, cresce a pressão para que marcas e instituições de ensino reformulem práticas, formação e desenvolvimento de produtos e serviços voltados à diversidade real dos corpos e peles. Para a biomédica, não se trata apenas de inserir representações negras em campanhas publicitárias, mas de promover a reestruturação no modo como a beleza é compreendida, ensinada e comercializada.

“É preciso entrar na inclusão estética — aquela que começa nos laboratórios, passa pela formação técnica e chega até os centros de consumo”, reforça Jéssica. Segundo ela, a ausência de protocolos específicos para a pele negra e a escassez de dados clínicos, sobre ativos e reações em diferentes fototipos, ainda é um impasse para a segurança e eficácia dos tratamentos.

Enquanto o potencial econômico do mercado de beleza negra cresce de forma consistente, estudos apontam que o ritmo da indústria tradicional segue lento diante das demandas sociais. A lacuna entre expectativa e entrega tem sido preenchida, cada vez mais, por profissionais independentes e marcas fundadas por pessoas negras, que conhecem as urgências do público-alvo com legitimidade.

“As pessoas negras estão buscando cuidados, estão investindo em si mesmas, mas querem ser atendidas com conhecimento, respeito e identificação. Isso não é tendência, é uma necessidade. Diante disso, a expectativa é de que empresas que ignorarem essa movimentação não apenas fiquem para trás no mercado, mas também percam relevância diante de um consumidor cada vez mais consciente, exigente e politizado”, conclui. 

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