No domingo (21), uma multidão tomou as ruas de Paris em um poderoso protesto contra o racismo e a islamofobia, destacando especialmente a crescente preocupação com a violência policial. Segundo informações de um jornalista da AFP, cerca de 3.000 pessoas participaram da marcha, que inicialmente foi proibida pela polícia, mas posteriormente autorizada pela Justiça.
“Violência policial é a forma mais grave de violência que afeta nossas crianças, aquelas que vivem nos subúrbios, crianças pobres, negras ou árabes”, destacou Yessa Belkhodja, uma das organizadoras do evento, em declaração à AFP.
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A psiquiatra Fatma Bouvet de la Maisonneuve ressaltou que “as pessoas estão cada vez mais conscientes de que a França mantém uma mentalidade coletiva colonial e que indivíduos oriundos dos países colonizados são considerados inferiores”.
Entre os manifestantes, Jennifer Kalam, assistente de creche de 44 anos, expressou o cansaço diante dos olhares discriminatórios que enfrenta ao deixar sua comunidade: “Estamos cansados dos olhares que recebemos quando saímos dos nossos bairros”.
Esse não é o primeiro protesto do tipo que a França enfrenta. Em 2023, uma manifestação semelhante foi desencadeada após a morte de Nahel, um jovem de 17 anos atingido fatalmente por um tiro à queima-roupa disparado por um policial durante uma operação de controle de trânsito nos subúrbios de Paris.
Naquela ocasião, os primeiros três dias de manifestações resultaram em mais de 800 detenções. A violência dos protestos levou o governo francês a considerar a possibilidade de declarar estado de emergência em todo o país.