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MNU celebra 43 anos de resistência antirracista

Em julho de 1978, durante a ditadura militar, foi criado um movimento amplo de união do povo negro; o MNU esteve presente nas grandes conquistas contra o racismo no Brasil

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: MNU

seminário de 40 anos do MNU em São Paulo, fundadores falam da historia do movimento

seminário de 40 anos do MNU em São Paulo, fundadores falam da historia do movimento

7 de julho de 2021

No dia 7 de julho de 1978, nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, mulheres e homens negros fizeram um ato para confirmar a criação do MNU (Movimento Negro Unifiicado). No mesmo ano, o assassinato do feirante Robson Silveira da Luz, no bairro da Lapa, pela polícia e a discriminação de atletas negros no Clube de Regatas do Tietê contribuíram com o clima de indignação entre negras e negros.

Para celebrar os seus 43 anos de atividade, o MNU vai promover uma série de atividades durante o mês de julho em suas redes sociais. A coordenadora nacional do movimento Iêda Leal disse ontem, durante uma live com outros fundadores, que a entidade mantém o mesmo espírito de luta desde sua fundação, em plena ditadura militar. “São anos de luta sem interrupção com o nosso grito: Reaja à violência racial”, disse Iêda. 

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Hoje, dia 7, haverá uma live às 19h: MNU 43 anos contra o racismo. Para o dia 25 de julho está programada uma transmissão com as mulheres do MNU.

“O Movimento Negro Unificado nestes 43 anos apontou e abriu os caminhos para luta de resistência da população negra”, ressalta Milton Barbosa, um dos fundadores.

O MNU, desde a sua criação, tem como base e rotina agregar as lutas coletivas dos negros em diferentes frentes, como nas universidades, periferias, movimento sindical, partidos políticos de esquerda, associações de bairro, entre outros espaços democráticos.

“É impossível contar a história da população negra, sua luta, resistências e conquistas nos últimos 43 anos sem falar do Movimento Negro Unificado”, acredita Regina Lúcia dos Santos, coordenadora estadual do MNU-SP.

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 Ao mesmo tempo, a organização assume, conjuntamente com outras articulações do movimento negro, o papel de denunciar o racismo estrutural, institucional e individual no país, a qualquer época e de qualquer governo.

“São constantes as denúncias contra as políticas de morte do atual governo. A cada 23 minutos, um jovem negro é morto. Fora o encarceramento em massa: 71% dos presos são negros”, lembra a advogada Lenny Blue, outra fundadora do MNU, que participou do ato nas escadarias do Theatro Municipal.

Blue destaca a importância do movimento na sua tomada de consciência racial e em outras escolhas pessoais na vida. Sobre as vitórias conquistadas pela luta antirracista nessas quatro décadas, ela lembra da Lei 10.639/11 (sobre o ensino obrigatório da cultura negra e afro-brasileira nas escolas), do Estatuto da Igualdade Racial, da Lei de Cotas e da Política Nacional Integral de Saúde da População Negra.

“O MNU me ensinou a me situar na conjuntura política e sobre a incontestável liderança das mulheres negras como agentes fundamentais na reconstrução do país”, pontua Lenny.

A luta representada pelo movimento ecoa hoje em jovens lideranças do movimento negro. “Existe ainda hoje uma fragmentação da luta contra o racismo, mas ao analisar os diversos projetos de transformação da sociedade, não vejo um projeto de país que superou o que o MNU propõe. É um processo de construção coletivo muito bonito e necessário. Tenho um respeito muito grande pela disposição e carinho que os mais velhos do MNU têm com os mais jovens e assim a luta se renova”, avalia a jornalista Simone Nascimento, de 28 anos, que entrou no MNU em 2017.

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