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Mortalidade de mães pretas é duas vezes maior que de mães brancas no Brasil, aponta estudo

Levantamento feito pela Fiocruz revela que 100 mães pretas morreram a cada 100 mil nascimentos, com base nos dados do SUS em 2022
Imagem em preto e branco mostrando a barriga de uma mulher negra, gestante, principal grupo no índice de mortalidade entre mães

Foto: Agência Gov

23 de novembro de 2023

O Ministério da Saúde promove, nesta quinta e sexta-feira (23 e 24), em Brasília, a 1ª Oficina de Trabalho: Morte Materna de Mulheres Negras no Contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante o evento foi divulgado o levantamento “Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento“, realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O estudo apresenta, a partir dos dados disponibilizados pelo SUS, em 2022, um cenário aprofundado sobre nascimento e gestação e a internação de mulheres em casos de parto, aborto em hospitais públicos e mistos.

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Dados preliminares apontam que, enquanto a incidência de mortes maternas entre mães brancas foi de 46,56, a de mulheres pretas foi mais que o dobro: 100,38 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. Entre as mulheres pardas, o número apontado foi de 50,36.

Causas da mortalidade

Um dos fatores apontados para o número da mortalidade foi a assistência pré-natal, importante instrumento para prevenção de morte e outras complicações decorrentes da gestação, tanto para mães quanto para os bebês. O estudo aponta que 13,4% de gestantes pretas e pardas iniciam os atendimentos no segundo trimestre da gravidez, considerado tardio, enquanto 9,1% das mulheres brancas iniciam os atendimentos nesse estágio. O ideal é que o primeiro atendimento ocorra até a 12ª semana.

A presença de doenças preexistentes são maiores na população negra, o que afeta também o índice de mortalidade. As causas mais comuns foram: síndromes hipertensivas (gestantes pretas, 64,2%; pardas, 62,1%; e brancas, 54,7%); a hipertensão arterial grave (gestantes pretas, 58,5%, pardas, 54,8%; e brancas, 50,1%); e a pré-eclâmpsia grave (gestantes pretas, 26,5%; pardas, 25%; e brancas, 16,9%).

Gravidez precoce

Outro dado analisado é a idade das mulheres e meninas quando foram internadas. Mulheres pretas (15,9%) e pardas (13,8%) são maioria entre as gestantes com 10 a 19 anos se comparadas às brancas (10,8%). Nos casos de gestações após 35 anos, as brancas foram maioria (18%) em relação a negras e pardas (15,9% e 13,9%, respectivamente). Em todos os grupos, a maioria engravidou entre 20 e 34 anos.
O local da internação também foi destacado na pesquisa. Em números absolutos, nos anos de 2022 e 2023, 7.426 mulheres pardas, 3.291 brancas e 1.716 pretas tiveram internações por parto ou aborto em hospitais públicos ou mistos. Os três grupos registraram grande proporção de internações em hospitais públicos, mas no caso de mulheres pretas (66,9%) e pardas (63%) este índice foi maior do que em brancas (55,2%).

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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