PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mortalidade por câncer entre crianças indígenas no Brasil é quase o dobro da média nacional

Estudo aponta que desigualdade no acesso à saúde agrava prognóstico de câncer infantojuvenil em comunidades indígenas
Criança carrega bebê em frente ao Hospital de Campanha Yanomami montado na Casa de Saúde Indígena - Casai, em Boa Vista (RR), em fevereiro de 2023. Um relatório do Instituto Desiderata revelou que a mortalidade por câncer entre crianças indígenas é maior que a média nacional.

Criança carrega bebê em frente ao Hospital de Campanha Yanomami montado na Casa de Saúde Indígena - Casai, em Boa Vista (RR), em fevereiro de 2023. Um relatório do Instituto Desiderata revelou que a mortalidade por câncer entre crianças indígenas é maior que a média nacional.

— Rovena Rosa/Agência Brasil

10 de fevereiro de 2025

Crianças indígenas no Brasil enfrentam as maiores taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil em comparação com outros grupos raciais. Segundo o Panorama da Oncologia Pediátrica, publicado pelo Instituto Desiderata, a taxa média de mortalidade por câncer entre indígenas é de 76,9 óbitos por milhão de crianças e adolescentes, quase o dobro da taxa registrada entre crianças brancas (42,6 por milhão).

O relatório, que compila dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde, destaca que essa disparidade reflete dificuldades no acesso ao diagnóstico precoce e tratamento adequado, agravadas por barreiras geográficas, culturais e estruturais no sistema de saúde.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Acesso desigual ao tratamento e diagnóstico tardio

O estudo aponta que crianças indígenas enfrentam maiores dificuldades para iniciar o tratamento oncológico. Muitas delas residem em áreas remotas, com infraestrutura de saúde precária, o que torna o diagnóstico mais demorado. O atraso no reconhecimento da doença reduz drasticamente as chances de cura, pois o câncer infantil costuma ser agressivo e necessita de tratamento imediato.

Além disso, a oferta de hospitais habilitados em oncologia pediátrica é desigual no país. Enquanto o Sudeste tem 36 unidades especializadas, a região Norte conta com apenas três, dificultando o atendimento para populações indígenas, que muitas vezes precisam se deslocar grandes distâncias para receber assistência.

Segundo o estudo, outro fator que contribui para a alta mortalidade entre crianças indígenas é a falta de campanhas específicas de conscientização e prevenção voltadas para essa população, o que prejudica o diagnóstico precoce.

De acordo com o último Censo, quase 45% dos indígenas no Brasil vivem na Região Norte, seguida pela Região Nordeste, onde vive 31,22% dessa população. Essas são as regiões que têm a menor incidência de novos casos: 111,1 a cada 1 milhão de crianças e adolescentes no Norte e 138,1 no Nordeste. Mas também são as duas com as maiores taxas de mortalidade: 47,5 e 44,5/milhão, respectivamente.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano