O Brasil já vacinou 9,7 milhões de pessoas contra a Covid-19, o que corresponde a 4,7% da população. O avanço é pequeno se comparado a posição que o país ocupa no ranking mundial de mortes causadas pela doença, de acordo com dados do Our World in Data até 15 de março, ocupamos o segundo lugar com mais de 278 mil vidas perdidas, atrás apenas dos Estados Unidos, que contabiliza quase o dobro.
A partir da análise do monitor Worldometer, na última semana o Brasil registrou alta na média diária de mortos, enquanto outros países, a exemplo do Reino Unido, Itália e Índia, registraram queda ou estabilidade no número de vítimas do novo coronavírus e suas variantes.
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O mesmo acontece com o número de vítimas nos países do continente africano, a África do Sul, por exemplo, está na 16ª posição do ranking, com cerca de 51 mil mortes e pouco mais de 6% da população vacinada. Embora o acesso à vacinação por lá seja um grande problema, de acordo com a OMS, os países estão em uma posição menos crítica que o Brasil.
Segundo a mestre em Patologia Humana, Zezé Menezes, o lugar ocupado pelo Brasil no ranking é consequência da atuação governamental. “A agenda do país não condiz com as condições plenas de respeito às medidas dadas pela ciência. Com a quantidade de pessoas formadas em diversas áreas científicas e que podem monitorar tudo isso a partir do uso da tecnologia, nada disso está sendo usado para controlar a situação que estamos vivendo”, afirma.
“Muito do comportamento que a população vê de ignorar o isolamento social ou o uso de máscara, é reflexo da atitude do nosso chefe de estado e essa é uma atitude criminosa”, acrescenta a médica. Desde o início da pandemia no Brasil, em fevereiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) se mostrou contrário às recomendações da Organização Mundial da Saúde, questionou o uso de máscaras e realizou aglomerações registradas pela imprensa.
Brasil mudou de ministro da Saúde quatro vezes
O novo ministro a assumir a pasta da Saúde no governo federal é o médico cardiologista Marcelo Queiroga. Já familiarizado com a família do presidente Bolsonaro, Queiroga disse à imprensa que a equação para resolver a pandemia depende de muitas variantes e que a doença exige tratamento mais especializado.
Queiroga é o quarto ministro à frente da pasta no último ano. Depois de Henrique Mandetta, Nelson Teich, quatro meses sem nenhum responsável oficial no comando e o General Eduardo Pazuello, que teve a saída anunciada na segunda-feira (15). A vida da população negra, quilombola e periférica é considerada como a mais exposta e vulnerável desde o início da pandemia.
Mesmo com a possibilidade de mudança, segundo Zezé, a redução de mortes em decorrência da doença no país não deve diminuir. “É quase impossível que essa agenda seja modificada, já passamos um ano vendo a população morrer e nada foi feito. O governo não tem como objetivo mitigar essa situação de emergência sanitária que estamos vivendo”, conclui a médica.