A taxa de mortalidade de idosos negros por agressão foi de 16,6 por 100 mil habitantes em 2021, 41% mais elevada do que para não negros (soma de amarelos, brancos e indígenas), que foi de 9 mortes por 100 mil. A informação é do estudo Atlas da Violência 2023, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que considera “negros” a soma de pretos e pardos.
É a primeira vez que a publicação insere informações sobre violência contra idosos. Segundo o próprio relatório, o tema teve destaque “porque o Brasil caminha a passos largos no processo de transição demográfica, rumo ao envelhecimento da população”. O Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 10,9% dos brasileiros já são idosos, com 65 anos ou mais.
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O Atlas da Violência traz um panorama de 2011 a 2021 e mostra que houve uma redução desigual na taxa de óbitos por agressão nesse período. Para os homens idosos negros, a queda foi de 23,4%; para os não-negros, foi de 40,2%.
O mesmo é observado em relação às mulheres idosas. Houve um decréscimo de 19,8% da taxa de óbitos por agressão para as idosas pretas e pardas, e de 28,1% para as não negras.
Os dados sobre internação por agressão em 2021 são semelhantes. A partir da base de internações do Sistema de Informação Hospitalar (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), o Atlas observou que as taxas de idosos negros são 2,2 vezes maiores que o de não negros.
No caso dos homens, foram 14,9 internações por 100 mil habitantes para os negros e 6,5 para os não negros. Já entre as idosas, esses indicadores foram de 4,3 para as negras e 1,9 para as não negras.
Desigualdade além dos assassinatos
Considerando todas as causas de morte, o Atlas da Violência observa que as mulheres
morrem mais tarde do que os homens, e os não negros, mais tarde do que os negros.
“A raça explica 58,7% deste diferencial, e o sexo, os restantes 41,3%. Esta diferença diminuiu entre 2019 e 2021, uma vez que era de 12,9 anos no primeiro ano. Esta redução foi, na sua maior parte, devida à redução nos diferenciais por raça”, explica o relatório.
Além dos assassinatos e outros tipos de violência, o menor acesso à saúde está entre as causas dessa diferença, aponta estudo do Cebrap “Envelhecimento e Desigualdades Raciais”, publicado em outubro.
Em artigo publicado na Alma Preta Jornalismo em maio, Regina Lúcia dos Santos e Milton Barbosa, do Movimento Negro Unificado (MNU), refletem sobre o impacto do racismo no direito de envelhecer bem.
“Deve ser uma pauta forte e séria do movimento negro nos próximos tempos a luta por direitos e políticas públicas para uma velhice segura para a população negra como um todo”, afirmam os militantes, já idosos, no texto.
Leia o Atlas da Violência 2023 completo aqui.