Desde que o Comando-Geral da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) encerrou o programa de câmeras corporais da corporação em 16 de setembro de 2024, estima-se que o número de vítimas da violência policial em Florianópolis tenha crescido 165%.
Os dados são do levantamento realizado pelo Desterro – Observatório de Violência, jornal comunitário das comunidades da capital catarinense. O estudo aponta que a média de mortes saltou de nove para 20 mortes a cada dez dias. Antes da retirada dos equipamentos, o intervalo entre os óbitos era de 26,5 dias.
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O Desterro também denuncia que, das 20 mortes no período analisado, apenas 19 constam nos números oficiais do Poder Público. A vítima omitida seria um adolescente negro, morto pela PM após ser atingido por um tiro de fuzil na cabeça, no dia 25 de março. O jovem apresentava marcas de agressão no rosto.
A aquisição dos equipamentos, anunciada em julho de 2019, custou cerca de R$ 3 milhões aos cofres públicos. No último ano, como justificativa para a retirada, a corporação alegou que as câmeras corporais não haviam alcançado os objetivos esperados.
“Após análise dos pontos destacados pelo Órgão de Direção Setorial responsável pelo projeto, percebe-se que as câmeras, bem como todo o sistema envolvido, não alcançaram os objetivos esperados e, principalmente, que não há condições de manutenção adequada devido à obsolescência tecnológica para manter o projeto em pleno funcionamento”, diz nota da Polícia Militar, publicada à época.
O levantamento destaca que, apesar de não ser o único fator que impulsiona o aumento da letalidade policial, a retirada dos dispositivos influencia diretamente o índice de mortes em decorrência de operações da polícia.