Organizações do movimento negro de São Paulo protocolaram, nesta sexta-feira (21), na Assembleia Legislativa (Alesp), um pedido de impeachment do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. O documento denuncia a violência policial e de Estado, que afeta principalmente corpos negros e comunidades periféricas.
O manifesto foi assinado por mais de 110 movimentos e entidades da sociedade civil, integradas pela Frente Povo Negro Vive. As entidades exigem o fim da violência praticada pela Polícia Militar de São Paulo (PMSP) e a garantia dos direitos sociais e da cidadania para a população negra e periférica.
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Em entrevista á Alma Preta, Débora Dias, coordenadora do Advocacy da Uneafro Brasil, afirmou que entre as principais reivindicações estão o modo como a polícia tem se organizado para aniquilar a população do estado. Além disso, o pedido é um reflexo dessa luta histórica contra a violência policial e como ela se agravou durante a gestão do governador.
“É importante retomar esse histórico que a Polícia Militar do estado de São Paulo, o modo com que ela existe, se organizou desde as suas perspectivas do processo da ditadura militar, sempre foi orquestrada para matar a população negra”, declarou.
No manifesto, as organizações destacam que a violência policial se intensificou durante o governo de Tarcísio de Freitas, resultando no aumento da letalidade policial na capital paulista.
Segundo um levantamento do Instituto Sou da Paz, no ano passado o estado de São Paulo registrou 650 mortes provocadas por policiais militares em serviço.
Para a organização, os números refletem um padrão estrutural de violência racial e discriminatória, que tem se intensificado sob o governo de Tarcísio e a gestão da SSP de Derrite.
Ainda no documento, indica o aumento da letalidade policial em grandes capitais onde as principais vítimas são pessoas negras. A publicação destaca que a cada quatro horas uma criança é vítima de bala perdida, “deixando para trás o desespero de mães e pais que sofrem e enterram seus filhos.”
“Os números escancaram a gravidade da situação: no Brasil, uma pessoa negra é assassinada a cada quatro horas em estados como Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre 2017 e 2019, as forças de segurança tiraram a vida de pelo menos 2200 crianças e adolescentes negros e periféricos”, aponta o instituto.
As organizações vão realizar um ato ainda nesta sexta-feira, na capital paulista, contra a violência policial, com o objetivo de garantir direitos sociais e combater o racismo.