Números levantados pela coordenação da campanha #auxilioateofimdapandemia, com base na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), revelam que 37,8 milhões de mulheres receberam o auxílio emergencial em 2020. As mães-solo representam 10,8 milhões, 28% desse total. Os homens que receberam o benefício somam 30,4 milhões.
A manutenção do programa de renda durante a pandemia da Covid-19 deve voltar a ser discutida no Congresso Federal nos próximos dias, com a proposta de PEC Emergencial. Para a diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, Paola Carvalho, os parlamentares precisam levar em conta o impacto sobre a situação das mulheres brasileiras.
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“Na semana que se inicia com o Dia Internacional da Mulher e quando se espera da votação pelo Congresso Nacional da Proposta da PEC emergencial, o receio é de que, além da redução de valor do benefício, tenhamos novamente a repetição de gargalos e falhas do sistema que contemplou quem não deveria receber e deixou de fora quem mais precisava”, explica a diretora de uma das organizações que integra a campanha de movimentos sociais para a manutenção do auxílio no valor de R$ 600 até o fim da crise sanitária.
A Pnad, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra ainda que além de terem sido mais afetadas pela pandemia, as mulheres tiveram que cuidar de familiares dependentes e ainda vão enfrentar uma retomada de empregos muito mais lenta. A participação de mulheres na força de trabalho caiu 14% em relação a 2019, totalizando 45%. No ano passado, a tímida retomada de empregos foi liderada por homens.
“Esses dados são apenas um breve retrato da profunda desigualdade do nosso país, quando falamos da relação entre homens e mulheres. Como se não bastasse a violência física que sofrem, cabe a elas o sustento da casa, dos filhos e até de dependentes, o que ficou muito claro nessa pandemia”, comenta Paola.
Segundo a Pnad, o número de pessoas na extrema pobreza chegou a 17,3 milhões no início de 2021, puxado pelo fim do auxílio emergencial em dezembro do ano passado. O estudo indica que o Brasil retrocedeu 15 anos em cinco, com mais de 84 milhões de pessoas enfrentando algum grau de insegurança alimentar – quando o acesso regular e a disponibilidade de alimentos são escassos. Entre os brasileiros mais afetados pela fome estão as mulheres, junto com negros, população rural e os moradores das regiões Norte e Nordeste.
A campanha #auxilioateofimdapandemia, iniciativa do movimento Renda Básica Que Queremos, conta com o apoio de mais de 300 organizações da sociedade civil. A iniciativa possui uma petição online para a volta imediata do auxílio emergencial. Mais de 68 mil pessoas já assinaram.