Cerimônia fez parte da abertura da I Jornada Afro-Acadêmica de Estudos (JAAE), que também homenageou figuras como Guerreiro Ramos, Beatriz Nascimento, Thereza Santos, André Rebouças, e Carolina Maria de Jesus.
Texto e Fotos / Pedro Borges
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O Coletivo Negro Carolina Maria de Jesus, composto por estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), homenageou o professor Muniz Sodré, uma das principais referências na América Latina no campo da comunicação, na abertura da I Jornada Afro-Acadêmica de Estudos (JAAE), no dia 16 de Outubro, segunda-feira, no salão nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS).
A organização do evento também recordou a trajetória de outras figuras importantes da comunidade negro como Guerreiro Ramos, sociólogo, Beatriz Nascimento, historiadora, Thereza Santos, filósofa, André Rebouças, engenheiro, e Carolina Maria de Jesus, escritora. Os responsáveis por comentar a trajetória de cada um deles foram, respectivamente, Marcell Machado, estudante de ciências sociais, Helena Teodoro, pós-doutora em história comparada, Semog, escritor, Antonio Higino, mestrando em história comparada, e Jenifer Novaes, estudante de ciências sociais.
Muniz Sodré recebe flores do Coletivo Negro Carolina de Jesus (Foto: Pedro Borges/Alma Preta)
Depois de uma abertura inicial homenagear esses, que foram considerados os patronos do evento, foi a vez de exaltar a trajetória de Muniz Sodré, professor emérito da UFRJ, presidente da fundação da Biblioteca Nacional (2005-2010), e uma das principais referências na América Latina e no mundo no campo da comunicação.
Muniz Sodré demonstrou alegria ao receber a homenagem e os presentes, um relógio no formato do continente africano e um buque de flores, e ressaltou que, apesar dos retrocessos vividos pelo Brasil nos últimos anos, a política de ações afirmativas representa uma conquista para a população brasileira.
“Mesmo com os retrocessos, ninguém segura essa palavra. Quando a palavra sai da boca, quem carrega ela é Exu. Exu é o dono da fala, é o dono da palavra. A fala está na cabeça desses jovens, isso está visível nessa sala. Por isso, hoje eu posso dormir tranquilo”.
As atividades da Jornada Acadêmica seguem até sexta-feira, 20 de Outubro, e toda programação pode ser conferida aqui.
Muniz Sodré e o Coletivo Negro Carolina de Jesus (Foto: Pedro Borges/Alma Preta)
Leia na íntegra a carta escrita por Caroline Amanda Lopes Borges em nome do Coletivo Negro Carolina de Jesus como homenagem a Muniz Sodré:
A escrita é uma coisa e o saber é outro. A escrita é a fotografia do saber mas não o saber em si.
Hampateba Malinês Fula
Muniz Sodré representa ruptura política e epistemológica em um só tempo.
Para nós é mais que um homem negro, um intelectual… és o nosso GRIOT.
Por isso o saudamos em vida e celebramos a possibilidade de sermos contemporâneos do tempo e espaço do AGORA.
Hoje ocupamos as cadeiras e fileiras do salão nobre da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, salão que testemunhou tantas elucubrações contrárias a existência e permanência de intelectuais negros e que agora é obrigado a registrar em sua história a homenagem de estudantes cotistas, organizados no Coletivo Negro que orgulhosamente carrega o nome da literária Carolina de Jesus, ao único professor negro com título de Emérito da maior e Universidade Federal do Brasil.
Assim, o homenageamos com um relógio talhado em madeira sob a forma do continente africano, para não perder de vista o tempo. Pois assim como os bantus, reverenciamos os mais velhos por estarem mais próximos de Zambi!
Ainda não sabemos exatamente qual é o tamanho do legado que herdamos deste grande pioneiro, caçador das matas fechadas da floresta acadêmica mas estamos convictos que devemos ser do tamanho de África e de africanos em diáspora como o nosso GRIOT emérito Muniz Sodré!