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No centro de São Paulo, um homem negro tem três vezes mais chances de morrer do que um branco

22 de novembro de 2019

A informação é parte do levantamento exclusivo do Alma Preta com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem / Eduardo Saraiva

No ano passado, 10 pessoas negras foram mortas pela Polícia Militar no Centro da cidade de São Paulo. Entre os brancos, o número foi de 3. Os dados foram gerados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública d(FBSP) em levantamento exclusivo ao Alma Preta.

A população negra não é maioria na cidade de São Paulo, são 37% do total, segundo dados da PNAD 2015. Quando se fala em vítima de morte decorrente de intervenção policial, essa parcela ocupa 70% dos casos.

“Somos maioria entre os mortos da polícia, o que é constantemente justificado pela ideia de que negros são maioria, que é falsa”, observa o pesquisador do FBSP, Dennis Pacheco. “A letalidade policial é seletiva. A cor é determinante nessa seletividade, de modo que negros morrem muito mais que os brancos, e de forma desproporcional. O racismo mata e isso não deve ser normalizado por mentiras”.

Nas cinco regiões da cidade, as pessoas negras acumulam mais mortes do que os brancos. Em São Paulo, nos dois últimos anos foram 224 vítimas negras contra 96 brancos. O Centro e a Zona Sul acumulam as maiores diferenças raciais quando a morte é provocada por militares.

De acordo com os dados do Censo 2010, 48,4% da população da Zona Leste é negra, ainda assim, no ano passado, os negros foram 67% dos mortos pela polícia na região. Ao passo que brancos, que são maioria, representando 50,7% dos moradores, somaram no mesmo ano, 33% das vítimas.

“A subrepresentação dos brancos, com sobrrepresentação de negros entre os mortos pela polícia escancara a seletividade racial da letalidade”, define Pacheco.

Entre os 96 distritos paulistanos, apenas 12 não registraram mortes de pessoas negras. Os bairros do Pari e Santana são alguns exemplos.

A polícia mata na madrugada

A maior parte das mortes registradas aconteceu de noite, seguida pelas ocorrências durante a madrugada, considerando os dois anos, 2017 e 2018, 68% das ocorrências se deu nesses períodos.

A 13ª edição do Anuário da Violência também mostrou que a maioria das ocorrências policiais terminadas em morte ocorreram no período da madrugada, foram 40%. Ainda de acordo com os números, além da madrugada, se as ocorrências da noite forem consideradas também, 64,9% das mortes provocadas pelos militares brasileiros aconteceram entre às 18h e 05h59min.

“Se a gente for analisar o trabalho feito pelas polícias, está muito ligado a flagrantes, com quem está na rua. A maior parcela da população circula nas ruas, ainda mais os jovens, de noite”, explicou, na época, Renato Sérgio de Lima, um dos pesquisadores. “Eles estão voltando da escola ou indo a alguma atividade de lazer. Concluímos que estas pessoas correm riscos”, completa.

Nos dados mais recentes enviados pelo Fórum, os estudantes foram os mais vitimados pelos policiais, com 17% nos dois últimos anos. Acontece que em 64% dos casos, o campo ‘profissão’ não foi preenchido, e as vítimas estão com informações desconhecidas, “mas nossos mapas indicam alta concentração de mortes em áreas de perfil pobre”, ressalta Dennis Pacheco.

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