A população indígena na região Nordeste concentra 530 mil pessoas e concentra a segunda maior do Brasil, com 31,2% do total nacional e registra um crescimento significativo dessas comunidades. Entre 2010 e 2022, o número de indígenas mais que dobrou, segundo os dados mais recentes.
As informações constam no novo boletim temático da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), divulgado na quarta-feira (16), que analisa o perfil e a evolução da população indígena na região.
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O Nordeste abriga atualmente 238 etnias indígenas, evidenciando a diversidade cultural presente na região. Apesar do crescimento demográfico, cerca de 90% da população indígena nordestina vive fora de terras oficialmente reconhecidas, um dos principais desafios para a garantia de direitos e preservação das tradições.
A pesquisa identificou 631 terras indígenas na região em diferentes fases de regularização, mas apenas 105 já foram oficialmente demarcadas.
Bahia e Pernambuco concentram cerca de 60% da população indígena da região, o que destaca o papel estratégico desses estados na formulação de políticas públicas. Pernambuco ocupa o segundo lugar em número absoluto de indígenas, com 20% do total, seguido por Maranhão com 10,8% e Ceará 10,6%. Sergipe tem a menor participação, com apenas 0,89%.
O levantamento mostra que 63% da população indígena nordestina vive em áreas urbanas, o que demanda novas estratégias para políticas públicas de habitação, saúde e educação voltadas a essas comunidades.
No campo político, a representatividade ainda é baixa, nas eleições municipais de 2024, apenas 567 indígenas se candidataram a cargos legislativos, com 87 eleitos. Para o executivo municipal, foram 14 candidatos e apenas quatro eleitos.
O relatório também destaca a relação entre a demarcação de terras e a redução da violência. Territórios oficialmente reconhecidos apresentam taxas significativamente menores de homicídios. Já a ausência de demarcação expõe as populações indígenas a níveis críticos de violência, especialmente no Nordeste.
Os dados reforçam a urgência da efetivação das políticas de demarcação de terras como forma de garantir não apenas o direito ao território, mas também a proteção da vida dessas comunidades.