Criada por três mulheres negras engenheiras, a Oficina de Inovação e Ancestralidade (OIA) lançou em agosto a plataforma digital Orumverso, que visa a troca de saberes periféricos a partir de uma ótica ancestral-futurista potencializada pelo uso da tecnologia.
A plataforma é uma oportunidade para fazer a conexão em rede para co-criar futuros possíveis, rompendo barreiras territoriais e linguísticas, além de oferecer aos empreendedores negros ferramentas poderosas para superar barreiras históricas e acelerar o crescimento de seus negócios.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Na prática, na plataforma digital é possível se conectar com projetos e negócios de pessoas negras através de e-commerce e até de ferramentas de gestão financeira e marketing digital, por exemplo.
Funciona como uma vitrine digital para que empreendedores negros possam exibir seus produtos e serviços, em um ambiente que favorece o movimento de colocar a mão na massa e criar coletivamente projetos, ferramentas e soluções tecnológicas.
A ferramenta também se destaca pela inovação tecnológica, impacto social e potencial de público, pois proporciona a oportunidade de atingir um vasto mercado no qual o empreendedorismo negro está em ascensão e em busca por inovação e acessos.
É ainda uma maneira de ampliar a discussão e o desenvolvimento de ciências e tecnologia que levem em conta características socioculturais e periféricas que, muitas vezes, distanciam a população negra de fazer e produzir tecnologia.
A Oficina de Inovação e Ancestralidade surgiu em 2017, nos corredores da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde as três engenheiras se conheceram, formando um coletivo que questionava e movimentava o meio acadêmico, debatendo a temática de tecnologias sociais e ancestrais, além de estimular na periferia discussões e produções afrofuturísticas.
O projeto teve apoio do Baobá – Fundo para Equidade Racial que acreditou ser possível a construção da OIA e do projeto Orumverso. Através do Edital Educação e Identidades Negras, lançado em 2022 e com o apoio da Imaginable Futures e da Fundação Lemann, o projeto se apresentou como um esforço conjunto para o enfrentamento ao racismo e a consolidação de práticas de promoção da equidade racial no setor educação
Para Karina Karin, diretora de tecnologia da OIA Hub, a Orumverso é uma jornada direcionada e intencional, assim como foram os sete primeiros anos da OIA. Para ela, todo ser humano deve se entender como um ser tecnológico, um ser que produzia tecnologia em um passado escravagista marcado por diversos apagamentos.
Karina Karin, uma das desenvolvedoras, foi selecionada para representar o Brasil no Global Peace Summit, em Nova York, entre os dias 9 e 12 de dezembro de 2024, onde poderá discutir o uso da inteligência artificial e suas aplicações como uma das ferramentas para promover a paz no mundo.
A aplicação de tecnologias sociais pelo Orumverso pode amplificar esse movimento, oferecendo aos empreendedores negros as ferramentas necessárias para prosperar em um mercado globalizado, pois não só apoia o desenvolvimento de negócios negros, mas também serve como um exemplo de como a tecnologia pode ser utilizada para promover a igualdade e a inclusão social.