As polícias civil e militar mataram 2.886 pessoas no primeiro semestre deste ano no Brasil, de acordo com o Monitor da Violência, levantamento do G1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O número representa um aumento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2018, o que em números absolutos configura 120 vítimas a mais. Em mais de 90% dos casos, as mortes ocorreram durante o período de serviço dos policiais.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Os estados que registraram o maior aumento no número de pessoas mortas por policiais em confrontos foram Amazonas (325%), Piauí (262,5%) e Amapá (242,1%).
Para o pesquisador do NEV-USP, Bruno Paes Manso, o crescimento da letalidade policial é resultado de uma crença de que a força policial é a solução para a violência.
“Há uma crença muito forte de que a violência policial serve para lidar com a desordem. É por isso que alguns presidentes e governadores defensores desse tipo de solução foram eleitos”, analisa.
O número de policiais mortos nos primeiros seis meses de 2019 teve queda de 42%. Foram 108 mortes, contra 187 no mesmo período do ano passado. O Pará é o estado com o maior índice de vitimização de policiais. A taxa é de 1,8 para cada 1 mil oficiais.
Segundo Manso, os governos estaduais têm dificuldade e, em alguns casos, desinteresse em controlar as polícias, provocando o aumento no número de homicídios.
“Os estados investem nesse modelo de segurança pública como se fossem políticas públicas em defesa da ordem, mas na realidade o efeito produzido é o contrário”, pondera. “É necessário aumentar o controle da polícia e fazer as autoridades repensarem seus modelos de segurança”, complementa.
Falta de dados específicos e transparência
O levantamento do G1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) não inclui informações sobre a raça das vítimas de homicídio.
O pesquisador Bruno Paes Manso explica que os dados coletados são enviados pelos governos estaduais com base nos boletins de ocorrência.
“Para obtermos dados sobre a violência no país temos que recorrer aos boletins de ocorrência. Nesses documentos não há, necessariamente, o registro de raça. Esse tipo de informação está disponível somente em dados da área da saúde, como o Datasus, e os mais recentes são de 2017”, afirma.
O levantamento também não inclui dados de Goiás. A Secretaria de Segurança Pública do estado não enviou as estatísticas ao G1 respaldada pela lei de sigilo de dados, a portaria nº 750/2016.