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“O movimento negro resiste para ocupar os lugares institucionais”, diz Talíria Petrone

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5 de novembro de 2018

Professora de história e mestranda em serviço social e desenvolvimento regional, Talíria foi eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro

Texto/Aline Bernardes

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Imagem/Reprodução

Nascida em Ponta d’Areia, em Niterói, e criada no Fonseca, Zona Norte do Rio de Janeiro, Talíria Petrone (33), formou-se em história e é mestre em serviço social. A professora da rede pública de ensino foi eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro no dia 7 de outubro de 2018.

Militante dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, do movimento negro e dos LGBT+, disputou sua primeira eleição em 2016. A decisão envolveu a amiga Marielle Franco, que também decidiu concorrer às Câmaras Municipais naquele ano. Talíria concorreu em Niterói e Marielle no Rio. As duas foram eleitas na ocasião.

Em 2018, foi eleita para exercer mandato na Câmara dos Deputados com 107.317 votos, a nona mais votada no estado. Ao ser perguntada pelo Alma Preta como sentiu-se ao ter o resultado, a professora, apesar da animação, disse que depois dessa eleição a primeira coisa que passou por sua cabeça foi a preocupação com o momento grave da política brasileira.

“Há uma ampliação no parlamento e poder executivo de políticos que se utilizam de ódio e medo como mobilizador e isso nos faz pensar na grande tarefa que teremos pela frente”, refletiu.

Suas propostas nessa nova eleição é seguir ampliando o trabalho que fez na militância e em Niterói, ou seja, defender o fim do genocídio e do encarceramento do jovem negro e a ampliação dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Além disso, ela propõe que a natureza seja respeitada a partir de uma política socioambiental adequada para enfrentar o agronegócio e proteger os povos quilombolas, indígenas e ribeirinhos.

“Quando não há representatividade na política, são as mulheres e os negros que ficam de fora, porque a política não é entendida como um lugar para esse povo. Apesar de nos negarem esses postos, os movimentos feministas e negros resistem para ocupar esses lugares institucionais”, diz.

As mulheres são mais da metade dos eleitores brasileiros, e ocupam menos de 10% das vagas no Congresso Nacional. Na Câmara, a representação feminina hoje é de apenas 45 deputadas contra 468 homens. Com o recorte racial, a porcentagem de mulheres negras deputadas é de 0,39%.

“É muito difícil ocupar um espaço constituído majoritariamente por homens brancos, é considerado uma afronta estarmos nestes lugares para eles. Se por um lado a certeza de que esse lugar não foi feito para nós e por outro a certeza de que temos que ocupar esse lugar. Precisamos subverter o poder, coletiviza-lo para devolvê-lo ao nosso povo”, finaliza.

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