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“O racismo deve ser combatido independente do clube”, diz torcida organizada do Santos

26 de abril de 2019

Torcedores acreditam que há uma incompatibilidade com um posicionamento racista do ex-conselheiro Adilson Durante Filho e a história do clube

Texto / Pedro Borges
Imagem / Fernando Frazão / Agência Brasil

Pelé, Coutinho, Robinho, Neymar. É inegável que o Santos Futebol Clube, uma das principais instituições esportivas do mundo, tem uma história repleta de jogadores negros, como a maioria dos times do país. O Santos, time de figuras como Bob Marley e responsável por parar uma guerra no continente Africano, porém, teve de lidar com uma manifestação racista de um ex-conselheiro do clube.

No dia 17 de abril, um áudio do conselheiro do clube Adilson Durante Filho foi exibido pelo programa Sucupira Conection, da Rádio da Vila, e repercutiu na internet. Na gravação, Adilson anuncia a impossibilidade de se confiar em um sujeito “pardo ou mulato”.

O caso repercutiu e no dia 20 de abril e Adilson renunciou ao cargo no Conselho Deliberativo do Santos. Ele também tomou a mesma postura no cargo de Secretário Adjunto de Turismo da cidade no dia 19 de abril.

Torcedores do Santos chegaram a criar a hashtag #ExpulsaORacista, uma das menções com maior repercussão no mundo no dia em que o áudio veio à público. O clube divulgou uma nota em que reafirmou o papel do time na década de 1960 como “um dos símbolos mais fortes, em nível mundial, do combate ao racismo”.

Em entrevista ao Alma Preta, representantes da torcida antifascista do Santos reiteraram a “incompatibilidade óbvia” de Adilson compor o quadro político do clube e ser racista, mas reiteraram a necessidade dessa luta ser de todas instituições esportivas do país.

“A incompatibilidade é óbvia desde a origem do Santos. Mas não usamos esse tipo de argumento, pois o racismo deve ser combatido independente da ligação do clube com raízes negras, como é o caso do Santos. Usar o argumento que “nossos ídolos são negros”, como o próprio racista citou, soa parecido como ‘tenho amigos negros’, como ele também citou”, dizem.

Em nota, a Torcida Jovem, principal torcida organizada do clube, também exigiu a expulsão do conselheiro, reiterou a necessidade do Santos promover ações conjuntas com os torcedores do clube contra o racismo e destacou as origens da instituição.

“De imediato, deixamos registrado que nos sentimos diretamente atacados com as declarações preconceituosas que foram expostas, tendo em vista que a Torcida Jovem é composta, de forma significativa e desde a sua origem, por negros e negras, além de outras diversas etnias que formam orgulhosamente a nossa agremiação”, pontua.

Santos e a guerra na África

Em 2 de fevereiro de 1969, o Santos Futebol Clube, que na sua origem teve o nome de África Futebol Clube, participou de uma série de jogos amistosos em países como Nigéria, que viviam sob conflito.

O time de Pelé parou a guerra, que na época persistia por dois anos. Na ocasiação, o governador Samuel Ogbemudia determinou feriado durante o período da tarde e decretou a possibilidade de todos circularem pelo território em conflito, inclusive pela ponte que ligava o Benin à cidade de Sapele.

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