PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Olimpíadas: internautas relembram caso de racismo praticado por ginasta Arthur Nory

Representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, atleta chegou a comparar, o também ginasta, Ângelo Assumpção a um saco de lixo em 2015 

Texto: Victor Lacerda I Edição: Nataly Simões I Imagem: Reprodução/Instagram

O ginasta Arthur Nory

22 de julho de 2021

Se sentir representado internacionalmente é motivo de orgulho para qualquer brasileiro, mas a ida do ginasta paulistano Arthur Nory à Tóquio parece não agradar os torcedores pelo país. Nos últimos dias, o atleta recebeu uma enxurrada de comentários negativos sobre a sua participação nos Jogos Olímpicos. O motivo foi uma declaração racista contra – o também ginasta – Ângelo Assumpção feita em 2015. 

Na época, Nory usou a rede social Snapchat para fazer, em vídeo, declarações disfarçadas de brincadeira que menosprezavam a cor de pele do outro atleta. Frases como “Seu celular quebrou: a tela quando funciona é branca. Quando ele estraga é de que cor?” e “O saquinho do supermercado é branco e o do lixo? É preto” foram proferidas pelo ginasta. Arthur não foi desconvidado do clube onde treinava e não recebeu punição efetiva. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Entretanto, Ângelo Assumpção viu anos de dedicação ao esporte não serem reconhecidos após o caso. O ginasta defendeu o Esporte Clube Pinheiros por 16 anos e, após denunciar as injúrias raciais, foi demitido. Segundo reportagem da TV Globo, de 2013 a 2019 o atleta apresentou uma série de denúncias de assédio moral realizadas pelo setor de ginástica na instituição.

Em contrapartida, o Pinheiros, na época, afirmou que a motivação do desligamento do atleta não estava relacionada ao episódio com Nory. De acordo com o clube, Ângelo foi desconvidado de integrar a equipe por práticas de indisciplina, como atrasos nas chegadas dos treinos e insubordinação com a equipe técnica.

Leia também: Comentarista política Basília Rodrigues é vítima de racismo na CNN

Em seu perfil nas redes sociais, Ângelo se orgulha dos títulos conquistados na época em que era valorizado pelo time. Ele foi campeão da Copa do Mundo em São Paulo, três vezes campeão sul-americano, seis vezes campeão brasileiro e seis vezes campeão brasileiro por equipe. Atualmente desempregado, o atleta já usou sua página oficial na internet para demonstrar frustrações com o sonho de seguir como ginasta e declarar que está fazendo terapia. 

Na última terça-feira (20), Arthur Nory, inconformado com a cobrança da torcida sobre a sua presença nos jogos, questionou as declarações dadas contra ele na rede social. “É normal tanto xingamento, ódio e desejar o mal aqui no Twitter?”, questionou o atleta. 

A figura pública e funkeira Valesca Popozuda recebeu mais notoriedade ao dar recado em resposta à declaração do ginasta. “Não é! Mas quando a gente erra é melhor assumir o erro e pedir desculpas. Porque aqui no Twitter ninguém passa pano mais não. Vamos melhorar o discurso e assumir os erros. Beijos e boa sorte”, declarou a artista. 

Arthur Nory respondeu reconhecendo o erro de 2015 e afirmando que “pagou” sobre as declarações que havia feito. “Eu errei e eu assumi. Paguei por ele e, até hoje, pago por isso! Nunca escondi meu erro e sempre busquei conhecimento para me tornar uma pessoa melhor. Eu não sou o mesmo de 5 anos atrás. Veja meu canal do YouTube, veja minhas postagens no Instagram”, explicou. 

Acompanhando o diálogo entre Valesca e Arthur, internautas se mostraram contra o ato proferido pelo atleta e a reação atual ao ser lembrado sobre o episódio. Frases como “Sendo um racista, isso deveria ser padrão diário”, “Seu racismo tirou a renda de uma família” e “É absurdo o ângelo estar sem um clube até hoje sendo privado de todos os sonhos” foram disparadas na rede. 

Leia também: Até quando a branquitude pedirá desculpas por seu racismo?

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano