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Pais e mães negros lideram busca por maconha para uso terapêutico dos filhos

Pesquisa apresenta dados inéditos sobre o uso terapêutico da maconha nas favelas do Rio de Janeiro
Imagem mostra entorpecentes e folha de maconha.

Foto: Pexels/Kindel Media

26 de junho de 2023

Moradores de periferias, com renda mensal de menos de um salário mínimo e pais e mães negros são os que mais buscam acesso à maconha para tratamento terapêutico dos filhos nas favelas da Cidade de Deus e nos Complexos da Maré e do Alemão, no Rio de Janeiro.

Os dados fazem parte da pesquisa “Plantando saúde e reparação: o uso terapêutico da maconha nas favelas do Rio de Janeiro”, da Movimentos, iniciativa formada por jovens moradores das favelas com o bjetivo de inserir a própria população negra e periférica no debate sobre a política de drogas no Brasil.

Dados sobre uso

O estudo, lançado nesta segunda-feira (26), identificou que o perfil dos respondentes é de pessoas negras (73,3%), com renda mensal de menos de um salário mínimo (60%) e que recebem algum tipo de benefício social do governo (58%). Os pais e mães que fazem ou desejam fazer o uso da substância correspondem a 65,7% dos entrevistados.

Sobre as condições de saúde tratadas com a maconha e seus derivados, as mais mencionadas foram o transtorno do espectro autista (52,2%), seguido pela epilepsia (12,39%), sintomas de ansiedade (12,39%), sintomas de depressão (7%) e dores (5%).

Já em relação às formas de uso da substância, 60% utilizam através do óleo e 18% por meio do cigarro/”baseado”. Dos entrevistados, 42% afirmaram que já sofreram preconceito por fazer uso ou tentar acessar a maconha para fins terapêuticos. Àqueles que fazem o uso do cigarro são apontados como os que mais sofrem com o preconceito, um total de 78,9%.

Financeiro

Mesmo que a maioria dos entrevistados recebam menos de um salário mínimo, 68% afirmou ter algum gasto para utilizar a substância. Os que gastam de R$ 201 a R$ 300 por mês representam 22% dos respondentes. Além disso, 17% informaram que tiram do bolso o equivalente a R$ 101 a R$ 200 reais. 4% gastam 1 mil reais ou mais por mês.

Em contrapartida, 32% afirmaram não ter gastos e, conforme a pesquisa, a explicação é que muitos respondentes são assistidos por organizações não governamentais que atuam em favelas e periferias e conseguem substâncias derivadas da maconha através de doações.

A pesquisa também destacou proposições sobre o tema que estão em discussão no Congresso nacional e lista uma série de recomendações para o avanço do debate sobre a regulação da maconha no país, como o fortalecimento de associações canábicas; o fomento à iniciativas canábicas com uma perspectiva periférica; além da revisão da Resolução 327/2019 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece os critérios para a concessão de autorização sanitária para importação, fabricação, comercialização, entre outros, de produtos derivados de maconha para fins terapêuticos.

Leia também: Por uma outra política de drogas no Brasil

  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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