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Para amiga de Babiy Querino, prisão da modelo é racista e as provas de acusação são fracas

1 de agosto de 2019

Mayara Vieira critica provas que condenaram Babiy Querino a 5 anos e 4 meses de prisão

Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem

“Ela foi condenada com provas que mostravam o contrário da acusação. O Judiciário foi falho e racista. A família está triste demais”. Essas são as primeiras frases de Mayara Vieira, amiga da modelo Babiy Querino, condenada pelo roubo de um carro, em agosto passado.

Assistente social e maquiadora, Mayara conheceu a modelo através da religião. As duas fazem parte da umbanda. Depois da condenação, foi ela quem assumiu as conversas com o advogado e atende as demandas sobre o caso. A atitude foi tomada para poupar a família.

“Ela tem um irmão que cometeu o crime. A dor se multiplica para a família porque tem um preso por ter cometido o crime e a outra também, mas é inocente”, explica.

O caso

A modelo e dançarina, Bárbara Querino, mais conhecida como Babiy, foi condenada em agosto de 2018 a cinco anos e quatro meses de prisão pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) por um assalto à mão armada que teria acontecido em 10 de setembro de 2017.

Colegas de trabalho testemunharam que estavam trabalhando com a jovem no dia do assalto pelo qual ela é acusada. Um vídeo caseiro e uma publicação no aplicativo Instagram, com local “Enseada – Guarujá”, somam-se aos elementos da defesa

Na época da condenação, o advogado Bruno Cândido Sanfoka afirmou que o juiz desconsiderou os vídeos e fotos que comprovam a presença de Baby no Guarujá, litoral paulista, onde foi contratada para se apresentar em um evento, no dia 10 de setembro do ano passado, data do crime.

“O argumento do juiz para condenar foi dizer que as fotos [do evento no Guarujá] não estavam datadas, mas o processo tem três testemunhas: uma que foi convidada a viajar junto; outra, que fez as postagens na rede social e afirmou em juízo que foi ela que postou e uma outra, que afirmou que a Bárbara estava no mesmo carro”, explica.

“A vítima reconheceu ela pela cor da pele e cabelo. O racismo fica explícito quando a vítima não dá certeza. Quando o juiz questionou, ela disse que daria 80% de certeza porque o cabelo e a pele pareciam muito com a assaltante. Foi com essas alegações imprudentes que aconteceu a condenação”, detalha Mayara.

Outra crítica ao processo é em relação a maneira como foi realizado o reconhecimento dos supostos criminosos. Segundo a família, Babiy foi fichada e as imagens foram compartilhadas em um programa de televisão e um grupo de policiais nas redes sociais pedindo que a vítima procurasse uma delegacia para confirmar.

O método tomado pelos policiais para encontrar os responsáveis pelo crime contradizem a Lei 12.037, de 1º de outubro 2009, que versa sobre o método adequado para identificação.

O artigo 4, por exemplo, diz “quando houver necessidade de identificação criminal, a autoridade encarregada tomará as providências necessárias para evitar o constrangimento do identificado”, isso foi pensado para não causar exposição na mídia, como aconteceu neste caso.

Com 11 meses de prisão de Babiy, a família abriu processo em segunda instância para avaliação dos desembargadores. Enquanto isso, a modelo permanece em regime semiaberto, que a permite sair em datas festivas, como Natal, Dia dos Pais e Dia das Mães.

Procuradas, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) e a PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) não se pronunciaram sobre as acusações de que os agentes de segurança não cumpriram as normas na identificação dos suspeitos até o fechamento da reportagem.

Todos por Babiy Querino

Criada por Mayara logo depois da prisão, a página “Todos por Babiy Querino” foi criada no Facebook para apoiar Bárbara e arrecadar, por meio de “vaquinha”, dinheiro para pagar os honorários do advogado. Hoje, o espaço é usado para dar notícias sobre o caso e divulgar histórias parecidas no sistema carcerário.

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