As multas por fiscalização de mineração ilegal e desmatamento diminuíram cerca de 69% no último mês, em comparação com janeiro de 2023, em virtude da paralisação dos funcionários ambientais.
Os dados são da Associação Nacional dos Servidores de Carreira Especialista em Meio Ambiente (Ascema). De acordo com a associação, nesse mês houve uma queda de 88% no número de agentes em campo na Amazônia Legal.
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Os autos de infração, ofício que constata legalmente uma infração à alguma lei ambiental, caíram cerca de 53% em relação ao ano anterior. Na Amazônia Legal, a queda foi mais expressiva e houve uma redução de 93%.
A greve engloba trabalhadores do Instituto Chico Mendes De Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), somando mais de 2 mil servidores públicos.
Em entrevista à AFP, Suely Araújo, do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, explica como a atual falta de funcionários afeta as instituições.
“A quantidade de fiscais está muito pequena e eles trabalham em condições inadequadas. O Ibama já teve mais de 1.500 fiscais, alguns anos atrás. Hoje tem cerca de 700, mas com condições realmente de ir a campo, de fiscalizar na Amazônia? Não”, comenta Suely.
A pesquisadora informa que o número de agentes de campo não chega a 500 pessoas, e alerta que as ações contra o desmatamento e contra o avanço do garimpo em territórios indígenas correm sérios riscos de descontinuidade. “O impacto será sobre o equilíbrio ambiental de uma forma ampla, incluindo a biodiversidade e os recursos hídricos”, completa.