PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Pelé de saias o escambau!

15 de setembro de 2015

Texto: Keytyane Medeiros

Inspirado na música Mulheres Negras – Yzalú e Eduardo

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Não somos o Pelé de saias.

Não estamos e nem nunca estivemos à sombra de um homem.

Somos mulheres.

Negras.

Esquecidas, apagadas e invisibilizadas pela história.

Mas eu sempre soube que

“na lei dos justos sou a personificação da determinação”.

Ahh, “aqueles navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador…

Como “falharam na missão de me dar complexo de inferior!”*

Do chão cor de barro e do ar seco,

fiz meu campo de treinamento.

Com a bola no pé e a finta no corpo,

driblei racismo e passei sufoco.

Sou Vasco da Gama e Santos,

do povo preto contra o racismo branco.

11 pessoas e uma bola em jogo.

Não se esqueçam jamais: meu jogo é para além-campo.

Meu jogo é todo dia, para além da dor,

é pela minha cor.

E senão fui mais no Santos ou no Vasco,

foi porque o machismo me expulsou.

Por mais alguns milhares à Neymar, o time feminista acabou.

Mas depois de tudo isso,

Depois de arrancar pelo meio e pelas pontas,

conquistei o meu maior título.

Descobri que a mulher negra não deve se acostumar com o “termo depreciativo,

não, não é melhor ter cabelo liso, nariz fino”.

Descobri também que não é melhor ser homem.

Como mulher cheguei mais longe que qualquer um.

Onze vezes indicada,

seis vezes campeã.

Enquanto vocês falam dos seus bambambans,

Esquecendo das minhas jogadoras,

profissionais ou amadoras,

Enquanto vocês tomam 7×1,

Vi seus ídolos respeitarem as minhas chuteiras…

“No país da mistura, da miscigenação,

Boa mesmo é a mulata tipo exportação”,

ouvi dizer lá fora.

Ahh, mas não me venha com essa não!

Aqui não tem mulata!

Eu sou negra.

Menina mulher da pele preta,

do corpo fechado pra tanta maldição.

Não, não me venha com machismo não!Eu não preciso de Ronaldo ou Zidane,

tampouco Messi ou Neymar,

É bom que aceitem:

minha chuteira vão ter que respeitar!

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano