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Pesquisa: 78% dos paulistanos percebem racismo em shoppings e no comércio em geral

Levantamento da Rede Nossa São Paulo revela que locais comerciais são observados como os principais espaços de discriminação racial; educação e punição são medidas mais sugeridas para combater o problema
Movimento no comércio de São Paulo na rua 25 de Março. Pesquisa aponta que 78% dos moradores de São Paulo reconhecem o racismo em shoppings e no comércio em geral.

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

16 de novembro de 2024

A “Pesquisa Viver em SP: Relações Raciais“, da Rede Nossa São Paulo, divulgada no dia 14 de novembro, revela que 78% dos moradores de São Paulo percebem um tratamento desigual entre pessoas negras e brancas no comércio, apontando shoppings e lojas como os locais mais identificados com a prática de racismo

Outros ambientes em que o preconceito é sentido são escolas e faculdades (75%), ruas e espaços públicos (70%) e o ambiente de trabalho (68%). A percepção é ainda mais acentuada entre os paulistanos que se autodeclaram pretos e pardos.

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Os dados demonstram uma estabilidade nas percepções em comparação com os anos anteriores, mas um aumento significativo em relação a 2019, quando apenas 69% dos entrevistados apontavam a discriminação no comércio e 60% no ambiente de trabalho. Esse crescimento evidencia uma conscientização crescente e um foco maior nas questões de racismo no cotidiano.

A pesquisa também consultou os paulistanos sobre as estratégias mais eficazes para combater o racismo. Entre as medidas preferidas, 54% acreditam que o aumento de punições para atos de injúria racial é fundamental, seguido por punições mais severas para policiais que cometem abusos contra negros (39%) e a inclusão do debate sobre racismo nas escolas (38%).

A atuação das empresas também foi avaliada, com 38% dos participantes destacando que estas devem oferecer suporte psicológico e jurídico aos funcionários vítimas de racismo. A pesquisa ainda aponta que 36% consideram importante que as empresas se posicionem firmemente contra qualquer tipo de discriminação e promovam campanhas de conscientização interna.

O levantamento também explora o papel das pessoas brancas no combate ao racismo. Para 49% dos entrevistados, é essencial que essas pessoas busquem se informar mais sobre o tema. Outros 43% defendem a intervenção ativa de pessoas brancas em situações de tratamento diferenciado e 37% consideram importante que elas identifiquem ações racistas em expressões cotidianas, como piadas e gírias.

Além disso, a pesquisa mostra que 86% dos entrevistados concordam que o racismo prejudica o desenvolvimento da cidade. Outro dado relevante é que 85% acreditam na importância das mobilizações antirracistas globais para enfrentar o preconceito local. A violência policial também é uma preocupação apontada por 82%, que percebem seu impacto desproporcional sobre a população negra. 

Sobre a necessidade de discutir racismo de forma ampla, 82% acreditam que o debate em programas de televisão, como realities shows, é útil para ampliar a conscientização. Outro ponto levantado foi a questão das “brincadeiras” racistas: 79% concordam que considerá-las inofensivas contribui para reforçar o preconceito.

Por fim, 78% veem o racismo como um problema central na cidade, que demanda políticas públicas específicas. Entre as ações sugeridas, a ampliação da representatividade negra em cargos de poder foi apontada como uma medida eficaz para diminuir desigualdades estruturais.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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