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Pesquisa aponta saídas e desafios para empreendedores negros durante a crise

29 de abril de 2020

Desabafo Social e Afrotrampos desenvolveram estudo sobre a situação de empreendedores em São Paulo, Salvador e Brasília

Texto / Pedro Borges I Edição / Simone Freire I Imagem / Alma Preta

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Cerca de 80% dos empreendedores brasileiros não ter dinheiro de reserva guardado e cerca de 47% planejam pedir ajuda para amigos e familiares para superar as dificuldades impostas pelo atual momento da economia. É o que aponta uma recente pesquisa desenvolvida pelo Desabafo Social e pela Afrotrampos, que ouviu 200 empresários, a maioria de São Paulo (SP), Brasília (DF) e Salvador (BA), entre os dias 26 de março e 2 de abril.

“Os empreendedores que responderam a pesquisa, em sua maioria pretos, não tem acesso a linhas de crédito ou não receberam investimentos para os seus negócios. A única saída vista por eles nesse momento de crise é a rede de apoio familiar e dos amigos. Encontrar espaços de apoio é fundamental não só para os negócios, mas para a saúde mental também”, explica Lara Lages, mestre em Sociologia e Soluções em Comunicação do Desabafo Social, laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda.

O estudo também aponta para o maior impacto da crise sobre os micro e pequenos empreendedores, aqueles que são descritos como fundamentais para a economia brasileira. Dados do Sebrae sinalizam que esta categoria é responsável por 27% do PIB e responde por 54% do emprego formal. Pesquisa do Instituto Locomotiva ainda indica que os empreendedores negros movimentam R$ 1,7 trilhão por ano.

Monique Evelle, empresária e idealizadora do Desabafo Social, acredita que para este momento é necessário cuidado com as medidas adotadas para superar a crise, como a disponibilização, sem planejamento, de linhas de crédito. “As linhas de créditos que o governo está oferecendo são importantes, mas precisamos ter uma análise menos ansiosa. Sabemos que está desesperador, muita gente quebrando, que os negócios de afroempreendedores estão quebrando, mas temos que fazer a conta de quanto realmente precisamos para não chegarmos a um processo de endividamento”, explica.

Ela acredita que esse é o momento ideal para reacender uma discussão na sociedade sobre a renda básica permanente para as pessoas, não apenas em momentos de crise como a de agora. “A renda mínima universal parte do pressuposto que não vai ter emprego para todo mundo, que não vai ter vaga para todo mundo. Neste momento de Brasil a gente começou a discussão sobre renda mínima emergencial, mas, na verdade, a gente precisa falar sobre renda mínima universal porque daqui para frente as pessoas não vão ter empregos como antes, as pessoas não vão conseguir gerir seus negócios da mesma maneira”, salienta.

Iniciativas

Para superar os obstáculos encontrados a partir da pesquisa, o Desabafo Social junto com Empreende Aí, Impact Hub e Firgun vão lançar um fundo de crédito emergencial, com o apoio de fundações, institutos e pessoas físicas, e o Afrotrampos, junto da Zeferina Produções, planeja a criação do Xepa Festival, um encontro virtual voltado para abordar temas ligados à sustentabilidade, tecnologia, cultura e empreendedorismo.

O Xepa Festival está prevista para o dia 2 de maio e tem a meta de apadrinhar 10 empreendedores periféricos com a doação de recursos e o oferecimento de mentorias gratuitas. Todo o dinheiro arrecadado no evento virtual será distribuído para os empreendedores selecionados. O festival, com transmissão pelo Instagram, fará uma campanha de arrecadação de recursos durante todo o mês de maio.

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