Um em cada cinco consumidores assumiram que já tiveram, ao menos uma vez, alguma atitude racista, segundo uma pesquisa do Grupo Croma, especializado em inovação e análise de dados. O mesmo estudo também aponta que 56% dos entrevistados acreditam que as empresas têm preconceito ao contratar negros.
A pesquisa ouviu 1.814 pessoas acima de 16 anos em todas as regiões do Brasil a respeito de diversos aspectos da percepção do racismo. Para 3% dos entrevistados, por exemplo, causa estranheza ser atendido por uma pessoa negra.
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“As pessoas brancas deslocam alguns sentimentos internos para a realidade externa, se isentando de culpa. Assim, elas até reconhecem o racismo como algo errado na sociedade. Por outro lado, não reconhecem que têm preconceitos que contribuem para a consolidação do racismo. Por isso que grande parte entende que as empresas são racistas e uma minoria admite que teve atitudes racistas”, diz a psicóloga Ivani Oliveira, integrante da organização negra Kilombagem.
O estudo do Grupo Croma avaliou também a imagem que os consumidores têm da mídia e 37% afirmaram que a propaganda no Brasil ainda é racista. Outros 32%, que as marcas presentes no país reproduzem comportamentos preconceituosos.
“A propaganda é elitista e racista. A maior parte dos protagonistas nos anúncios são pessoas brancas e de olhos claros. Às vezes, a marca contrata um protagonista negro, mas na verdade ela não se comunica efetivamente com esse público”, considera a publicitária Esther Vieira.
O resultado da pesquisa também apresenta contradições sobre a percepção que as pessoas têm do racismo no Brasil. Para 70% dos entrevistados, a diversidade deve fazer parte da imagem de marcas e empresas, mas no mesmo grupo de entrevistados 16% concordaram com a afirmação de que as marcas correm riscos ao associar sua imagem a negros.
A realidade do mercado de trabalho no Brasil confirma a percepção dos entrevistados pela Croma. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2019, a diferença salarial entre brancos e negros, no geral, é de 45%. No caso das trabalhadoras negras, no mesmo cargo e com as mesmas funções, a diferença chega a 70% a menos.