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PMs que abordaram jovens negros filhos de diplomatas viram réus por constrangimento ilegal

Os sargentos Felipe dos Santos Gomes e Sergio Regattieri Fernandes Marinhos também responderão pelo crime de ameaça
Imagem mostra o momento em que os policias abordaram os jovens.

Foto: Reprodução

10 de setembro de 2024


Na segunda-feira (9), a 2ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), junto com a Auditoria de Justiça Militar, denunciou os dois policiais militares responsáveis por abordar violentamente quatro adolescentes na Zona Sul do Rio de Janeiro

Os rapazes deixavam um amigo em casa no bairro de Ipanema quando os agentes pararam o carro abruptamente e interceptaram os jovens sob a mira de armas. No grupo de meninos de 13 e 14 anos, três eram negros e filhos de diplomatas do Canadá, Gabão e Burkina Faso. O caso ocorreu em julho deste ano.

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Segundo a denúncia do MPRJ, além da abordagem armada, os agentes teriam revistado os adolescentes, obrigando-os a exibir as partes íntimas. Os sargentos Luiz Felipe dos Santos Gomes e Sergio Regattieri Fernandes Marinho serão processados pelos crimes de ameaça e constrangimento legal. 

Um vídeo gravado na época por câmeras de segurança mostra o momento no qual os policiais param o carro e, com armas em punho, abordam os meninos. Eles os colocam de frente para uma parede e iniciam a revista.

Na peça de acusação, o promotor de Justiça Paulo Roberto Mello Cunha destaca que, mesmo não tendo encontrado nada no local, antes de ir embora, Luiz Felipe teria avisado os jovens que não deveriam estar na rua naquele horário e que a próxima revista poderia “ser pior”. 

De acordo com o Ministério Público, a 2ª Promotoria de Tutela Coletiva da Infância e Juventude da Capital e a 3ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Capital ajuizaram uma ação civil pública de produção antecipada de provas, processo que corre em sigilo.

Polícia Civil descartou racismo

Em agosto, a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (DEAT) da Polícia Civil do Rio de Janeiro finalizou as investigações sobre a abordagem e concluiu que não houve racismo por parte dos policiais. O inquérito do DEAT entendeu que não foram utilizadas ofensas de cunho racial ou distinção entre os jovens durante a revista.

A defesa dos agentes alega que, momentos antes do ocorrido, um turista estrangeiro noticiou um roubo aos PMs, o que foi confirmado por imagens das câmeras corporais. O inquérito apontou que a abordagem se deu pela descrição fornecida pelo denunciante, sem relação com perfilamento racial.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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