O Ministério Público da Bahia (MPBA) denunciou os policiais militares Cláudio Alves dos Prazeres Júnior, Igor Portugal da Fonseca e Rafael Vieira da Silva pelo homicídio qualificado de Welson Figueredo Macedo, ocorrido em 9 de julho, no bairro de Castelo Branco, em Salvador.
A denúncia foi aceita pela Justiça no dia 19 de dezembro e o processo segue em tramitação na 1ª Vara do Tribunal do Júri da capital.
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Os promotores pediram à Justiça o afastamento dos acusados do policiamento ostensivo por 180 dias, além da proibição de acesso ao bairro onde ocorreu o crime e de contato com testemunhas e familiares da vítima enquanto durar a instrução processual.
Vítima atingida nas costas estava desarmada, dizem provas
Welson, funcionário terceirizado da Embasa, foi atingido por um disparo de carabina nas costas, que causou um traumatismo abdominal fatal. Imagens de câmeras de segurança e depoimentos testemunhais desmentem a versão apresentada pelos policiais, de que a vítima teria trocado tiros com a guarnição enquanto estava armada.
De acordo com as imagens, Welson voltava do trabalho em sua motocicleta quando foi baleado. Testemunhas confirmaram que ele não portava arma de fogo. A perícia também concluiu que não havia vestígios de pólvora nas mãos da vítima.
Segundo a versão dos policiais, Welson teria sido atingido durante um confronto com suspeitos de roubo. No entanto, os vídeos mostram que ele não tinha ligação com os supostos criminosos e foi alvejado após os suspeitos terem passado pelo local.
Fraude processual sob investigação
Além do homicídio qualificado, os policiais podem responder por fraude processual. A denúncia aponta que, após o disparo, os acusados removeram a bolsa e a motocicleta da vítima, deslocaram a viatura policial para outro local e adicionaram uma arma de fogo à cena do crime para simular um confronto.
Essas ações configuram manipulação da cena do crime, segundo o MPBA, e serão analisadas por uma Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial, responsável por supervisionar condutas de agentes de segurança pública.
Imagens de segurança desmentem nota oficial dos militares
Em novembro, imagens de câmeras de segurança divulgadas pela TV Bahia colocaram em xeque a narrativa inicial dos militares. As gravações mostram Welson trafegando em sua moto, desacelerando ao avistar os policiais e sendo atingido nas costas.
O caso gerou indignação entre familiares da vítima e organizações de direitos humanos, que cobram respostas rápidas e justas. “Welson era um trabalhador, alguém que estava voltando para casa, e foi morto de forma brutal e injusta. Precisamos garantir que a Justiça seja feita”, afirmou na época um parente que preferiu não se identificar, ao veículo CORREIO.