Em evento de encerramento do Projeto Resiliências Climáticas: Boas Práticas de Adaptação à Mudança do Clima realizado em Salvador, nos dias 18 e 19 de setembro, líderes de comunidades tradicionais, pesquisadores e ambientalistas elaboraram uma carta reforçando a urgência de ações para adaptar povos tradicionais às mudanças climáticas.
O documento, com 35 diretrizes, sublinha a necessidade de iniciativas que garantam a participação ativa dos agentes territoriais, o monitoramento da qualidade da água e uma maior atuação do poder público em ações de adaptação climática.
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O encontro foi promovido pela Rede Convergência pelo Clima, um grupo de organizações criado em 2019 que busca fomentar o controle social sobre questões ambientais e climáticas na Bahia. Além da carta, a programação incluiu painéis sobre temas como gênero, juventude e clima; transição energética e políticas socioambientais.
Ao final do evento, foi lançada a Plataforma Colaborativa dos Povos, Culturas e Natureza, uma ferramenta tecnológica destinada a conectar saberes ancestrais, técnicos e acadêmicos, facilitando o acesso à informação para as comunidades tradicionais.
Renato Cunha, do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), ressaltou durante o encontro a importância do projeto: “Esse projeto fortaleceu e deu visibilidade aos problemas enfrentados nas comunidades de base. Mostrou que precisamos tanto fortalecer as bases quanto pressionar politicamente os governos para transformar essas ideias em políticas públicas”, informa a nota para a imprensa.
A importância de processos participativos foi reforçada pela representante da Cooperazione per lo Sviluppo dei Paesi Emergenti (COSPE), Martina Molinu, que ressaltou: “O envolvimento das comunidades é essencial para compreender o território e gerar dados que sustentem a continuidade das boas práticas nos espaços de incidência política”.
Os diálogos realizados nas oficinas revelaram as vulnerabilidades enfrentadas por mulheres e jovens de comunidades tradicionais. Maria Aparecida, da comunidade quilombola de Campo Grande, em Santa Terezinha, compartilhou uma experiência de recuperação de uma nascente local, essencial para a sobrevivência de sua comunidade. “Essa troca de experiências nos ajudou a cuidar do que é nosso. Estamos conseguindo recuperar uma nascente em um tanque feito pelos primeiros escravos que chegaram à nossa região”, contou.
O evento também contou com a presença de professores universitários, representantes do Ministério Público, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio) e secretarias estaduais.