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Prêmio Educar homenageia iniciativas antirracistas em escolas durante a pandemia

Os projetos vencedores abordaram garantia da concretização do direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens negros, brancos, indígenas, quilombolas e de outros grupos étnico-raciais

Imagem: Paulo Benedito dos Santos

Foto: Imagem: Paulo Benedito dos Santos

20 de outubro de 2022

Com 20 anos de trajetória e em sua 8ª edição, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) homenageou 16 professoras com o “Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar”. 

Em 2022, a premiação foi especial, pois teve como finalidade identificar, apoiar e disseminar boas práticas pedagógicas e de gestão escolar antirracistas em todo o Brasil. O prêmio reitera a garantia da concretização do direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens negros, brancos, indígenas, quilombolas e de outros grupos étnico-raciais.

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Para Cida Bento, co-fundadora do CEERT, é de grande emoção poder dar um prêmio para professores em uma fase tão complicada relacionada à educação. 

“Tem sido um desafio muito grande, mas é muito emocionante ver professores trazendo práticas interessantes desenvolvidas no período da pandemia muito qualificadas, de um trabalho que envolve toda a comunidade, que envolve a arte para auxiliar as crianças e adolescentes, que precisam avançar no tema da equidade racial. Então a gente está mesmo muito emocionado”, comenta. 

Premiados

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Professora Doutora Bárbara Carine Soares Pinheiro, da Escola Maria Felipa \ Imagem: Paulo Benedito dos Santos

Com um total de três finalistas da Bahia, se destaca o projeto “O que há de Améfrica em nós?”, da Escola Maria Felipa, iniciativa premiada na categoria “Escola”. A autora, a professora Bárbara Carine Soares Pinheiro, também docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que o projeto vencedor representa a primeira escola afrobrasileira do país registrada em uma secretaria de Educação. 

“A gente sentiu em Salvador esse chamado ancestral de fundarmos a primeira escola afrobrasileira do país e isso não nos coloca em uma posição de pioneirismo porque nosso lema inclusive é ‘nossos passos vêm de longe’, uma frase da Jurema Werneck”, relata. “A gente compreende que na realidade a [Escola] Maria Felipa é hoje a culminância do sonho das nossas ancestrais”, completa. 

O CEERT também premiou docentes e instituições de estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Maranhão e Pará. O Espírito Santo emplacou dois projetos de cidades distintas nesta edição do Prêmio Educar. O primeiro é de Vargem Alta, a 136 quilômetros da capital Vitória, intitulado “No Chão da Escola Quilombo: o (re)significar do projeto político pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica Pedra Branca – Vargem Alta”. 

Já o segundo projeto “Malizeck da Diversidade” vem da Escola UMEF Professor Luiz Malizeck, da cidade de Vila Velha. A professora premiada na categoria “Educação das Infâncias”, Aline de Alcântara Valentini, comenta que foi um longo processo até chegar nesse momento tão importante da premiação. 

“Tudo começa no chão de aldeia, na luta indígena, na luta pelo reconhecimento e valorização dos povos originários. Então, eu dedico esse prêmio ao meu povo, ao povo guarani, graças a ele eu estou aqui”, salienta. 

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Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT, e Aline de Alcântara Valentini da UMEF Professor Luiz Malizeck \ Imagem: Paulo Benedito dos Santos

“Não tem democracia com racismo”

O diretor executivo do CEERT, Daniel Teixeira, pontua à Alma Preta Jornalismo que esse momento de Diálogos para uma Educação Antirracista tem um significado maior após dois anos de afastamento social necessário por conta da pandemia de Covid-19. Para ele, o período, no entanto, significou mais: a impotência de observar as faces das desigualdades e do racismo de maneira distante enquanto o assunto em pauta era educação. 

Daniel enfatiza que é importante compreender de qual educação se está falando quando a pauta está em debate. No caso da população negra em geral, essa educação parte do pressuposto do antirracismo.

“Assim como não tem democracia com racismo, não é possível a gente ter uma educação de qualidade sem equidade, ela é fundamento, não recorte. Isso é estratégico para o movimento negro, mas para a sociedade brasileira é fundamental”, explica ao falar da importância do prêmio.

“Então, pensar que educação a gente quer construir que é a partir do antirracismo, e aí, sim, a gente pode ter um caminho no país que seja para todas as pessoas, ressignificando no presente e apontando para o que a gente quer como educação a partir de agora”, finaliza Daniel.

Veja a lista completa de projetos premiados: 

CATEGORIA PROFESSOR – EDUCAÇÃO ESCOLA QUILOMBOLA

  • Janete Vilela de Paschoa
    Título: O Chão da Escola Quilombola: O (Re) Significar do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica “Pedra Branca” – Vargem Alta (ES)
    Lugar: Secretaria Municipal de Educação SEME/EOMEB “Pedra Branca”- Espírito Santo
  • Omo Ayo Otunja
    Título: Akotirene Kilombo Ciência
    Lugar: Comkola Kilombola Epe Layie – Comunidade Kilombola Morada da Paz – Rio Grande do Sul
  • Rosiete Lessa dos Reis Costa
    Título: Educação Antirracista Afrobetizando Alunos para a Construção de Cultura e Identidade
    Lugar: EM São Judas Tadeu – Pará

CATEGORIA PROFESSOR – EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

  • Aline de Alcantara Valentini
    Título: Malizeck da Diversidade
    Lugar: UMEF Prof. Luiz Malizeck – Espírito Santo
  • Danielle Aparecida Barbosa Cardoso
    Título: A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experiência de leitura na alfabetização
    Lugar: Escola Municipal Florestan Fernandes – Minas Gerais
  • Fernanda Silva dos Santos
    Título: Mulheres negras, símbolo de luta e resistência, uma fonte de inspiração
    Lugar: São Paulo
  • Juliana Borges
    Título: Projeto Griôs: Contos e Dengos por uma Formação Identitária e Ancestral Positiva
    Lugar: Escola Municipal de Educação Infantil itamarati – Minas Gerais

CATEGORIA PROFESSOR – EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

  • Aline Neves Rodrigues Alves
    Título: Projeto Intercâmbio Raízes Angola Brasil
    Lugar: da Escola Municipal Lídia Angélica (Brasil) e do Instituto Politécnico Edik Ramon (Angola) – Minas Gerais
  • Jacenilde Cristina Braga Soares
    Título: Intercâmbio e Cultura: Uma Análise Entre os Quilombos Damásio e Liberdade – MA
    Lugar: IEMA Plena Itaqui Bacanga – Maranhão

 CATEGORIA ESCOLA – EDUCAÇÃO DAS INFÂNCIAS

  • Bárbara Carine Soares Pinheiro
    Título: O que há de Améfrica em nós?
    Lugar: Escola Maria Felipa – Bahia
  • Conceição Aparecida Pinheiro Cardoso
    Título: Promoção da Igualdade Racial
    Lugar: EM Anne Frank – Minas Gerais
  • Francineia Alves da Silva
    Título: Projeto e Festival da Valorização da Cultura Afro-brasileira e Indígena: Equidade nas Diferenças
    Lugar: CEI 01 de São Sebastião – Distrito Federal

CATEGORIA ESCOLA – EDUCAÇÃO DAS ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

  • Adriana de Paula
    Título: Resgatando Identidades: O Dia da Consciência Negra e o Papel do Negro na Construção do Brasil
    Lugar: EE Professora Joana de Aguirre Marins Peixoto – São Paulo
  • Ilca Guimarães da Silva
    Título: Núcleo de Empoderamento Linguagem e Tecnologia
    Lugar: Colegio Estadual General Dionísio Cerqueira – Bahia
  • Janaina Silva Mendes
    Título: Agenda Antirracista
    Lugar: EE Professora Yolanda Conte – São Paulo
  • Lorena Barbara Santos Costa
    Título: Caminhos Afirmativos para uma Educação Antirracista na Educação de Jovens e Adultos
    Lugar: Escola Municipal Jacira Fernandes Mendes – Bahia

Leia também: ‘Seleção de filmes e livros para pensar uma educação antirracista’

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