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Prêmio homenageia iniciativas de comunicadores negros

1 de junho de 2016

Texto: Pedro Borges / Edição de Imagem: Pedro Borges

Dez projetos receberão R$ 20 mil

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O Prêmio Almerinda Farias Gama está com inscrições abertas até o dia 30 de junho. Com o objetivo de fomentar as mídias negras, a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR) construiu o projeto para fortalecer as vozes já existentes de negras e negros na cidade de São Paulo.

O concurso visa reconhecer comunicadores negros atuantes nas mais diversas plataformas, como programas de rádio, sites, portais de notícia, colunas, entre outras. O intuito central é incentivar a democratização da mídia no país a partir da ótica e da participação do povo preto.

Diferente de muitos veículos tradicionais, a mídia negra, apesar de ser a primeira comunicação alternativa no Brasil, nunca teve vida longa. Muitas são as iniciativas que nascem e poucos meses ou anos depois se veem obrigadas a fechar as portas. A razão, muitas vezes, é a ausência de recursos financeiros.

A Voz da Raça foi um dos principais jornais de mídia negra da história brasileira

Nathália Rocha, editora-chefe do portal Frida Diria, pensa que a falta de estabilidade financeira das mídias negras é mais um reflexo do racismo estrutural. “O racismo é um sistema de opressão estrutural que atinge e se faz presente em todas as esferas sociais pelas quais a gente transita. A mídia não está longe disso e a mídia faz parte desse sistema, em especial a mídia hegemônica”.

Para ela, o prêmio é uma possibilidade de recurso e reconhecimento que as mídias negras não tiveram ao longo da história. “O prêmio seria uma forma de reconhecer e dar suporte a isso, também considerando que muitas vezes a gente não tenha esse tipo de auxílio vindo das fontes tradicionais”.

Os projetos serão avaliados por uma comissão julgadora formada por representantes da Prefeitura de São Paulo, membros da sociedade civil com envolvimento de destaque na luta antirracista e profissionais da área de comunicação. A análise será realizada de acordo com quatro critérios: impacto da iniciativa para a promoção da igualdade racial; adequação ao conceito de controle social da mídia; promoção da cidadania; e apresentação do conteúdo. As dez propostas vencedoras, além da quantia de R$ 20 mil, receberão também o “Troféu Almerinda Farias Gama”.

Almerinda Farias Gama e a equidade de gênero

Entre as iniciativas a serem homenageadas pela SMPIR, 50% delas devem ser protagonizadas por mulheres negras, ou ter pelo menos mais da metade das funções de gestão e produção encabeçadas por elas.

Valéria Leão, chefe de gabinete da SMPIR, pensa que a decisão é fundamental, na medida em que o Brasil, além de racista, é também machista. “Ela foi uma das primeiras mulheres negras a participar da vida política nacional e, apesar de nunca ter sido eleita a um cargo oficial, sua militância com certeza abriu o caminho para outras brasileiras que vieram depois dela. Em um momento como este que vivemos no país, a SMPIR considera fundamental valorizar o importante papel das mulheres negras, por isso a escolha de homenagear a Almerinda, assim como o critério de ter pelo menos 50% de mulheres entre os premiados”.

Almerinda Farias Gamas foi uma advogada, feminista e líder sindical nascida em Maceió (AL). Atuou como datilógrafa e publicou crônicas no jornal “A Província”, de Belém. Almerinda foi uma das primeiras mulheres negras na política brasileira e única mulher a votar como delegada na eleição para Assembleia Nacional Constituinte de 1933.

Almerinda, ao se candidatar para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em 1934, tinha escrito em seu panfleto “advogada consciente dos direitos das classes trabalhadoras, jornalista combativa e feminista de ação. Lutando pela independência econômica da mulher, pela garantia legal do trabalhador e pelo ensino obrigatório e gratuito de todos os brasileiros em todos os graus”.

SMPIR e as mídias negras

A secretária tem a finalidade de formular, coordenar e articular políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial e avaliação das políticas públicas de ação afirmativa com ênfase na população negra. O desejo com o projeto é fortalecer as mídias negras e assim consolidar a luta por direitos de afrodescendentes na cidade de São Paulo.

Antônio Carlos Filho, integrante do portal Geledés, destaca a importância de fortalecer as mídias negras e as colocar em contato. “Nós temos vários tipos de blogs e sites que têm todos os tipos de informações sobre o negro e eu acho que a organização entre as mídias pode ser um caminho para unificar e mostrar essa potência”.

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