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Prêmio Maria Felipa homenageia mulheres que atuam pelos direitos humanos

Honraria, concedida há mais de dez anos, acontece no dia 25 de julho, data que marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Imagem: Divulgação/Arquivo Pessoal

Dra. Hadassa é dermatologista voltado para cuidados com a pele negra

Foto: Dra. Hadassa é dermatologista voltado para cuidados com a pele negra

6 de julho de 2021

Inspirado na figura feminina de uma das maiores líderes da Independência da Bahia, o prêmio Maria Felipa 2021 vai homenagear mais de 20 mulheres negras que atuam em diversos setores e são ativas na luta por direitos, representatividade e no combate ao racismo em Salvador. A honraria acontece no dia 25 de julho, data que marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Realizado há mais de dez anos, será a segunda vez que a cerimônia é feita de forma remota por causa da pandemia do novo coronavírus. O evento é conduzido pela presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), que ressalta a importância da premiação para a capital baiana.

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PREMIO MARIA FELIPA“O prêmio Maria Felipa é uma forma de reconhecer o trabalho de muitas mulheres negras que lutam contra o preconceito e se destacam nas mais diversas áreas”, destaca a vereadora Ireuda Silva | Foto: Divulgação (Premiação de 2019)

“O prêmio Maria Felipa é uma forma de reconhecer o trabalho de muitas mulheres negras que lutam contra o preconceito e se destacam nas mais diversas áreas. É também uma maneira de homenagear e valorizar todas as mulheres negras no geral, ao mesmo tempo em que alertamos para a situação desfavorável de preconceito racial e de gênero em que elas estão”, contou a vereadora ao Alma Preta.

Dentre as mais das 20 homenageadas estão a dermatologista Hadassa Barros, que é médica e pós graduada em dermatologia e medicina estética. Ela atua no ramo há 13 anos e se dedica, especialmente, aos cuidados com a pele negra. Em entrevista ao Alma Preta, a profissional destaca que a nomeação tem um significado especial ao ver pretas em ascensão desta e das próximas gerações.

“Num mês tão importante em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, ganhar um prêmio nesse mês tem muito significado. Porque um prêmio significa que existem pessoas ali em evidência que vão se tornar exemplos para outras pessoas e que feliz que eu sou em poder representar e me tornar um exemplo na vida dessa nova geração e trazer esperança para tantas outras gerações, inclusive para a minha”.

HADASSA BARROS“Não deixe que o seu passado dite o seu futuro. Se você teve um bom passado, que bom. E se não teve também, que ambos sirvam como escadas para que você chegue até o topo” | Foto: Arquivo Pessoal

A primeira prefeita mulher e negra de Cachoeira, cidade no recôncavo baiano, Eliana Gonzaga (Republicanos), também é uma das homenageadas. Eleita com 55,94% dos votos, a chefe municipal teve o início da trajetória política marcada por ameaças e tentativas de intimidações para que ela renunciasse ao cargo. Felizmente, o machismo e o racismo não foram barreiras para a prefeita, que declarou: “O povo não elegeu uma covarde. Elegeu uma mulher de luta e vamos devolver toda confiança depositada no nosso mandato com um governo de excelência”, disse a gestora em entrevista ao Alma Preta, em abril.

A apresentadora Maria Lorena Alves é uma das seis jornalistas soteropolitanas que serão premiadas. Com mais de dez anos de atuação, a jornalista destaca a importância do prêmio Maria Felipa para o reconhecimento e valorização das mulheres negras. Para ela, que foi vítima de racismo durante a infância e adolescência e só conseguiu se autoafirmar como mulher negra recentemente, a honraria é um espelho para impulsionar outras meninas e mulheres pretas.

“Eu tive uma infância de não me reconhecer como negra, na adolescência também. Um dos fatores é que eu não gostava que me chamassem de negra. Só vim me reconhecer como negra depois dos 20 anos. Isso é muito triste porque a sociedade não me deixou aceitar. Sofri bullying por causa do meu cabelo, eu não me via nos meus colegas de sala… Tudo isso que a gente vai idealizando e pensando é o racismo estrutural que vem ali, às vezes, silencioso, mas que machuca […] Então, eu sendo uma mulher, jornalista, tendo um espaço na rádio, na televisão, faz com que outras mulheres se vejam em mim. Eu fico muito feliz, principalmente para as crianças e adolescentes. Eu quero representar essas meninas que estão chegando agora e que se valorizem, se amem como mulher negra”, relata a jornalista.

MARIA LORENA ALVES “Eu sendo uma mulher, jornalista, tendo um espaço na rádio, na televisão, faz com que outras mulheres se vejam em mim” | Foto: Arquivo Pessoal

“O prêmio homenageia a memória de Maria Felipa, mulher negra e pobre que contribuiu para a independência da Bahia. Tanto ela quanto as homenageadas representam todas as mulheres negras do nosso país que lutaram ou continuam lutando por um país mais justo”, completa a vereadora Ireuda Silva.

A transmissão será feita pelas redes sociais da vereadora e pelo canal no Youtube da TV Câmara Municipal de Salvador.

Leia também: Número de brasileiros autodeclarados negros cresce em 20 anos

  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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