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“Lutaremos por uma USP mais diversa” afirma Bruna Sena, 1ª colocada em medicina na universidade

6 de fevereiro de 2017

Curso do campus de Ribeirão Preto-SP é o mais concorrido da Fuvest
Texto: 
Pedro Borges / Edição de Imagem: Solon Neto

Bruna Sena, 17 anos, natural de Ribeirão Preto (SP), estudou durante toda a vida em escola pública. A partir de 2017 e durante os próximos anos, a sina deve continuar. Bruna foi aprovada em primeiro lugar no curso de medicina da USP de Ribeirão Preto, o curso de graduação mais concorrido da universidade.

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O desejo pela medicina é recente, surgiu em 2016, quando uma amiga contou sobre o Cursinho Popular da Medicina (CPM). “É um projeto incrível pois permite que jovens de baixa renda tenham a oportunidade de ingressar na universidade”, conta Bruna.

Durante os estudos, Bruna se sentiu por diversas vezes desmotivada. Mesmo se sentindo inferior aos demais concorrentes, não desanimou. Hoje, a estudante exalta a conquista. “Estudei muito, é claro, mas não foi um mérito só meu, tive apoio familiar, principalmente de minha mãe, e também tive suporte nos estudos- embora houvesse uma luta diária pra ‘nadar’ contra a corrente em um sistema educacional tão desigual”.

Última pesquisa divulgada pela Fuvest em 2015, acerca da diversidade racial dos ingressantes na USP, mostra a enorme desigualdade entre negros e brancos. Se comparados os 10 cursos mais concorridos da universidade, das 794 vagas, o número de brancos variava entre 71,4% (audiovisual) e 84,4% (arquitetura em São Carlos).

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Por isso, Bruna destaca a importância de uma mulher, negra e pobre ingressar em primeiro lugar no curso mais elitizado da USP. “A representatividade é importantíssima e lutaremos por uma USP (e demais universidades) mais diversa, principalmente em um curso como o de Medicina. Espero inspirar muitas pessoas e mostrar que é possível sim”.

Uma das ferramentas utilizadas para a maior entrada de estudantes negros nas universidades foi a adoção da política de cotas. A UNESP é a única das estaduais paulistas a aderir ao sistema, algo ainda negado pela Unicamp e a USP. Bruna acredita que, de momento, é importante que a medida seja adotada como forma de diminuição das desigualdades. “Qual a proporção de negros no ensino superior? O passado histórico do Brasil, o que vivemos hoje, essa enorme disparidade entre brancos e negros, é uma consequência de nosso passado escravista e das subsequentes políticas de exclusão e marginalização da comunidade negra. Esse fatores não podem ser desconsiderados”.

A jovem reconhece a luta histórica por uma maior participação de estudantes negros nas universidades e pretende se juntar ao Coletivo Negro da USP de Ribeirão Preto. “Acho muito importante fazer parte do coletivo para compartilhar informações e experiências e, assim, aprender também”.

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