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Primeiro núcleo de cursinho da Uneafro no DF homenageia Nego Bispo

Cursinho pré-vestibular gratuito chega ao Distrito Federal com proposta de formação política e acesso à universidade para jovens negros e periféricos; aula inaugural acontece em 17 de maio
Imagem de Nego Bispo, intelectual quilombola.

Imagem de Nego Bispo, intelectual quilombola.

— Alexia Melo/Conaq

13 de maio de 2025

A Uneafro Brasil inaugura no dia 17 de maio, às 9h, seu primeiro núcleo no Distrito Federal. O cursinho popular gratuito funcionará no CED São Francisco (Chicão), localizado em São Sebastião, e levará o nome de Núcleo Nego Bispo, em homenagem ao intelectual quilombola, referência em educação anticolonial e epistemologias do território.

A aula inaugural contará com apresentações culturais, participação de lideranças comunitárias e militantes da educação. Entre os convidados confirmados estão Douglas Belchior, coordenador nacional da Uneafro; Betinha, coordenadora do Centro de Convivência Negra da Universidade de Brasília (UnB); e o artista visual Ricardo Caldeira, que realizará uma intervenção ao vivo.

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Educação popular e periferia como centro do saber

Segundo a Uneafro, a abertura do núcleo em São Sebastião reflete sua proposta de construir um projeto educacional enraizado na realidade das periferias. A escolha do nome Nego Bispo representa o compromisso com um novo olhar sobre os territórios populares — não como espaços carentes e sim como centros ativos de produção de conhecimento.

Inspirada nas ideias de Nego Bispo, a Uneafro propõe a inversão do fluxo tradicional do saber. Em vez de levar conhecimento de fora, o núcleo reconhece e dialoga com os saberes que já existem na comunidade. “Reconhecer, nutrir e dialogar com os saberes que já habitam esse chão” é o princípio que orienta o trabalho do cursinho.

Democratização do acesso e formação crítica

A Uneafro tem como objetivo central aprovar estudantes negros, periféricos e de escolas públicas nas universidades. Para o movimento, ocupar esses espaços, historicamente restritos, é uma forma de quebrar o ciclo de exclusão educacional.

No entanto, o projeto vai além da preparação para o vestibular. A formação inclui conteúdos escolares, mas também formação política, cultural e comunitária. A proposta pedagógica articula-se com o território, valoriza saberes ancestrais e fortalece vínculos entre estudantes, educadores e lideranças locais.

“Ocupar a universidade é reescrever a história com outras mãos”, afirma o material de divulgação. “Cada estudante aprovado carrega não só seus próprios sonhos, mas os sonhos de um povo inteiro”

São Sebastião e as desigualdades no DF

O Distrito Federal é a terceira maior cidade do país, mas suas desigualdades sociais e raciais estruturam a ocupação do território. Mais de 50% da população é negra, concentrada em regiões distantes do Plano Piloto, com acesso limitado a direitos básicos como transporte, cultura, saúde e educação pública de qualidade.

O novo núcleo busca enfrentar essa lógica ao oferecer um espaço de acolhimento, fortalecimento identitário e construção coletiva de futuro para jovens historicamente excluídos do direito ao ensino superior.

Com a inauguração do Núcleo Nego Bispo, a Uneafro amplia sua atuação nacional com a mesma base que sustenta sua trajetória em outras regiões: educação popular como prática de liberdade, organização comunitária e instrumento de transformação social.

O evento de abertura, com a presença de educadores, artistas e ativistas locais, será aberto ao público.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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