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Quase 60% das universitárias negras do Rio de Janeiro já pensaram em abandonar os estudos

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17 de setembro de 2020

Segundo estudo, dificuldade financeira é o fator que mais impacta a vida e o desempenho de mulheres e homens negros nas universidades federais do estado

Texto: Flávia Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

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A dificuldade financeira é o fator que mais impacta a vida e o desempenho acadêmico de pessoas pretas e pardas, abrangendo 35% de estudantes, homens e mulheres, de universidade federais do Rio de Janeiro. No caso de mulheres brancas, o principal fator são os problemas emocionais, com 37,5%, e no caso de homens brancos, falta de disciplina de estudos, com 37%.

Os dados foram publicados em um boletim elaborado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Mais da metade dos universitários da graduação já cogitaram parar os estudos. As estudantes negras são a maioria nesse âmbito: 59% delas já pensaram em abandonar os estudos, seguidas por 55% das alunas brancas, 52% dos estudantes negros e 48% dos brancos.

As dificuldades financeiras representam o principal motivo para que homens e mulheres negros pensem em abandonar o curso; 44% dos homens pretos e pardos alegam esse motivo quando pensam no abandono do curso e 45% das mulheres pretas e pardas. Já entre as pessoas brancas, o nível de exigência do curso é o motivo mais alegado, citado por 36% das mulheres e por 32% dos homens. A conclusão do estudo é que pessoas pretas e pardas são as mais afetadas pelas dificuldades financeiras, independente do gênero.

Saúde mental na universidade

Ainda segundo o levantamento, as dificuldades emocionais afetam o desempenho acadêmico de 88% dos estudantes. A ansiedade é o fator emocional mais citado entre todos os gêneros e raças. Os outros dois fatores citados por todos os gêneros e raças são o desânimo e a insônia. A análise mostra ainda que 1/4 dos entrevistados relatam sofrer com ideias de morte (14%) ou suicidas (11%).

A maioria dos entrevistados, no entanto, nunca fez tratamento psicológico. Nesse sentido, os homens negros são a maioria: 71% nunca fez tratamento. Os brancos, somam 64%. Entre as mulheres, as negras que não fizeram tratamento são 62%, e as brancas, 52%.

Os homens são os que menos procuram ajuda para tratar a saúde mental, mas são os que mais fazem atividade física com regularidade; 41% dos homens brancos e 36% dos negros praticam pelo menos três vezes por semana. Por outro lado, somente 29% das brancas e 23% das negras conseguem manter a mesma regularidade de exercícios físicos.

O oitavo boletim Raça, Gênero e Saúde Mental nas Universidades Federais foi produzido a partir da análise dos dados da quinta Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras, realizada em 2018. O levantamento abrange cinco instituições – UNIRIO, UFRJ, UFF, UFRRJ e CEFET/RJ, o que corresponde a 11% das matriculas em instituições federais.

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